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O Lula da despedida

“Não tenho mais idade para estudar. Eu queria mesmo era ser economista”, disse Lula

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O presidente Luiz Inácio Lula  da Silva aproveitou a oportunidade do café da manhã com os jornalistas que fazem a cobertura do Palácio do Planalto, para uma entrevista madura, meditada e exemplar. A melhor ou entre as melhores dos seus oito anos dos dois mandatos.

 Para começo de conversa, foi categórico em afirmar que lutará pela reeleição da presidente Dilma Rousseff, com a sensata ressalva de que é cedo para tratar da reeleição, tema que só pode interessar à oposição.

 No embalo da emoção da despedida, confessou que gostaria de voltar a ser amigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que deve ter carpido o remorso do desencontro. Pois, no mesmo dia, Fernando Henrique Cardoso, no programa Manhattan Connection, do GNT, com o sovado apelo ao “sem falsa modéstia” mas esbanjando vaidade, declarou que foi ele e não o presidente Lula que mudou o Brasil. Numa concessão à prudência, citou o presidente Getulio Vargas como o maior presidente de uma relação que inclui Juscelino Kubitschek, Campos Salles, Rodrigues Alves e o general Castello Branco.

 Como o presidente Lula não tomara conhecimento do destampatório de Fernando Henrique Cardoso, voltemos à sua objetiva conversa com os repórteres.

 O Lula com a alma de ex-presidente reconheceu: “Não tenho mais idade para estudar. Eu queria mesmo era ser economista. Mas temo que tenha pouco mais a aprender do que aprendi na Presidência da República, porque isto aqui é uma pós-graduação elevada à quinta potência”.

 Fernando  Henrique Cardoso voltou à baila: “Do ponto de vista pessoal, a hora em que eu encontrar o Fernando Henrique Cardoso, voltamos a ser se não amigos como fomos em 1978, quando eu o procurei para apoiá-lo como candidato ao Senado, mas amigos”.

Lula só tem elogios para a presidente eleita Dilma Rousseff: “Estou confiante que Dilma montou um governo para aprimorar as coisas que fizemos. Ela conhece a totalidade das obras que fizemos. Conhece os ministros, todos os ministros, e boa parte já trabalhou com ela”.

 E foi mais enfático na reafirmação do seu esforço para desencarnar da Presidência: “Estou empenhado em passar por um processo de desencarnação da Presidência.  Se você deixa Presidência e continua fazendo política, logo em seguida vai estar sempre com ela na cabeça. Isso não é correto, nem para mim nem para quem vai assumir. Vou passar um tempo sem dar palpite em política. Vou  tentar voltar à normalidade”.