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E esse tal de equilíbrio...

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André Dametto *, Jornal do Brasil

RIO - Responda com franqueza: você está alcançando as metas propostas no seu trabalho? Está satisfeito com o tempo dedicado ao trabalho? Se uma destas respostas foi não, este artigo apareceu na hora certa. Todos sabem que os negócios impactam os clientes, os acionistas, os colaboradores e a comunidade. Mas os modelos tradicionais de gestão ainda preconizam a satisfação de um público específico, geralmente os donos do negócio. Precisamos evoluir deste modelo funcional para um modelo sistêmico que equilibre resultados e pessoas, incluindo você.

Muito romântico? Não para os acionistas das empresas: está comprovado que investir em modelos de gestão com equilíbrio, como o preconizado pela Fundação Prêmio Nacional da Qualidade, gera retorno no faturamento a longo prazo. Outros fatores da contemporaneidade também revelam a importância e urgência do tema: os novos talentos da tão incensada Geração Y (nascidos após 1980) não veem o equilíbrio como um luxo mas um requisito para o ambiente de trabalho. A escassez de talentos também faz com que estes sejam tratados como joias, sendo o equilíbrio um fator fundamental.

A questão do fator previdenciário fará com que as pessoas se aposentem mais tarde, o que demandará uma racionalização do trabalho entre jovens enérgicos e maduros experientes. Com a relevância do setor de serviços na economia, anomalias como funcionários desequilibrados que afetam a experiência de compra do cliente não podem ser admitidas. Finalmente, destacam-se as novas configurações de família, como as mães solteiras, casais de homossexuais e solteiros convictos, que demandarão novas regras de administração de pessoal.

Mas, e você, por onde começar esse tal de equilíbrio na gestão? Para que haja equilíbrio, devem ser acordados resultados que satisfaçam as necessidades de todos os envolvidos. Desde os anos 80 já se falava do equilíbrio na gestão, mas até hoje vemos funcionários insatisfeitos. O próprio Brasil país da alegria, samba e futebol está em segundo lugar no ranking de países com mais casos de burnout, o estresse em estado extremo e prejudicial à saúde.

Equilibrar-se não é tornar-se um pato que anda, corre, nada e voa. Ou seja, parece equilibrado, mas, sendo mediano, torna-se medíocre, sem fazer nada com excelência. O equilíbrio começa em encontrar seu talento, investir no mesmo, e lapidar as fraquezas que estejam anulando as qualidades. Empresas e pessoas que se destacaram fizeram bem mais que a média, definiram um posicionamento claro e priorizaram resultados. Resultados estes que são alcançados através de competências. E aí reside a principal causa do desequilíbrio: a falta de alinhamento entre o desafio proposto e a competência para alcançá-lo.

Tão importante quanto alcançar o equilíbrio, pessoal ou empresarial, é harmonizar-se com o ambiente. Sendo assim, analise qual é o vetor deste ambiente, seus objetivos, valores, metas e processos. Depois, perceba o quanto você está alinhado com este ambiente, e se o mesmo estimula e recompensa seus talentos. Se você se sentir desperdiçado, das duas uma: ou não conhece o seu talento, ou este ambiente não é para você.

* consultor, coach e professor de pós-graduação