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Estudantes são detidos pela PM em protesto contra a privatização da Cedae

Servidores fazem protesto no Centro após aprovação da venda na Alerj

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Um grupo de 17 estudantes universitários foi detido pela Polícia Militar durante protesto contra a privatização da Companhia Estadual de Águas e Esgoto (Cedae), na tarde desta segunda-feira (20), no Centro do Rio de Janeiro. Policiais do Batalhão de Choque obrigaram os jovens a deitar na calçada, com o rosto virado ao chão. 

Os policiais alegam que o grupo estava jogando pedras e bombas contra a tropa. No entanto, testemunhas contestam esta versão. “Eles não jogaram nada. Eles são da Uerj [Universidade Estadual do Rio de Janeiro], não são black blocs. Isto é uma arbitrariedade”, disse a advogada Elza Braz, integrante da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), de acordo com informações da Agência Brasil.

Alguns manifestantes se aproximaram do espaço onde estavam os jovens para pedir a libertação do grupo e os policiais responderam com bombas de gás lacrimogêneo, de efeito moral e tiros de bala de borracha para dispersá-los. Os universitários foram levados em um micro-ônibus da PM para uma delegacia de polícia da região.

>> No Rio, funcionários da Cedae fazem greve contra privatização da empresa

>> Venda da Cedae: veja como votaram os deputados na Alerj

Após a aprovação do projeto de lei 2.345/17, que autoriza o uso das ações da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) para viabilizar um empréstimo de R$ 3,5 bilhões da União, os servidores que estavam na porta da Alerj protestando contra a medida iniciaram uma passeata rumo à sede da Cedae, na Avenida Presidente Vargas. 

O ato, composto em sua maioria de funcionários da empresa, interditou a via na tarde desta segunda-feira (20). Por volta das 15h, o Batalhão de Choque da Polícia Militar dispersou os manifestantes, reabrindo a avenida.

Os servidores também iniciaram uma greve contra a privatização. Inicialmente, a paralisação ia durar até quinta-feira, quando estava previsto o fim dos debates sobre a venda da Cedae. Como o projeto foi aprovado hoje mesmo, a categoria vai avaliar os rumos do movimento. 

“A votação que foi feita na Alerj não representa a vontade popular. E a vontade popular tem que ser soberana. Não é a vontade de 40 deputados que vai se sobrepor à vontade da população. Eles querem privatizar a Cedae por R$ 3,5 bilhões”, afirmou o agente de saneamento da Cedae Márcio Tayão.

Na votação que decidiu pela privatização da Cedae, 41 deputados votaram a favor e 28 contra. Para a aprovação, era necessária a maioria simples dos 70 deputados. 69 deputados estavam presentes.

“O sentimento é de total indignação. Uma empresa que só traz lucro e benefício para o Riode Janeiro, que tem financiamento cruzado, vendida para empresários? Na hora que a população começar a sentir na pele, quando começar a pagar mais de R$ 2 em um litro d’água igual você vê na rua, aí a população vai ver o valor que o Cedae tinha”, ressaltou o ajudante de saneamento Leonardo da Silva.

A agente de saneamento  Márcio Tayão também acredita que o governo do estado vai reprimir novas manifestações. “Não tem saída. Eles vão reprimir. Mas nós podemos lutar e vencer a repressão. Vamos fazer pressão política. Eles estão vendendo o estado do Rio de Janeiro. Isso é um erro gravíssimo. Eles vão sofrer as consequências desses atos. Quando o povo sofrer as consequências, eles vão para a rua também”, disse.

“Nós, do sistema sindical, controlamos a água. Nós controlamos o esgoto. Temos que nos unir e lutar também. Eles querem um inferno? Que vire um inferno no Rio de Janeiro”, disse o servidor Leonardo da Silva. Quando perguntado sobre a possibilidade de interrupção do fornecimento de água pelos funcionários da Cedae, Leonardo respondeu: “A base sindical vai decidir isso. Se necessário for, para defender toda a categoria do estado do Rio, e o sindicato da Cedae, iremos fazer com certeza”, concluiu.