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Sindicalista critica confronto na Alerj: "Essas pessoas desvirtuam o movimento"

Manifestante defende ato pacífico. "Temos muita preocupação com os trabalhadores e a sociedade"

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O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Saneamento Básico e Meio Ambiente do Rio de Janeiro e Região (Sintsama-RJ), Humberto Lemos, afirmou que os atos que resultaram no confronto entre a polícia e os servidores que se manifestavam na frente da Alerj na última quinta-feira (9) não foram iniciados pelos manifestantes.

“Os servidores da Cedae estavam se manifestando pacificamente. De repente, centenas de pessoas surgiram e iniciaram o ataque. Eles vieram de todo o lado. Quando chegaram não ficaram nem cinco minutos antes de dar problema”, afirmou.

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Os manifestantes, em sua maioria funcionários da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), protestavam em frente à Alerj contra a privatização da empresa, desde as 10h da manhã. Por volta das 15h30, um homem que estava entre os manifestantes teria lançado um coquetel molotov na direção do Palácio Tiradentes, dando início ao confronto com a polícia. Um grupo ainda deixou vidraças de bancos, lixeiras e outros objetos públicos destruídos.

“Estamos desde terça feira de greve, e estamos protestando desde então. Na terça fizemos o ato e na quarta também. Fizemos na normalidade. Nos surpreendemos com o que aconteceu na quinta, porque nosso ato sempre foi pacífico. Mas o protesto tomou uma proporção de guerra”, afirmou Humberto.

“Depois que o confronto começou, foi difícil tirar nosso pessoal do front. Foi ruim de tirar os feridos, as mulheres, crianças e idosos.” Segundo o sindicalista, três trabalhadores se feriram e chegaram a ser internados. “Um deles recebeu 11 pontos na altura da bacia devido a uma explosão.” Todos já receberam alta.

De acordo com ele, “entraram pessoas que não tem nada a ver com o movimento, para roubar, assaltar e saquear. Esse tipo de coisa já vem ocorrendo em manifestações desde 2013”, afirmou. “Temos certeza de que não foi nosso pessoal. Temos muita preocupação com os trabalhadores e com a sociedade."

Humberto disse não se preocupar com a possibilidade de que a sociedade se oponha ao movimento que protesta contra a privatização da Cedae e as outras medidas que devem ser votadas pelo governo do estado nos próximos dias. “Esse tipo de coisa não afasta a sociedade, pois sabemos identificar a diferença entre os manifestantes e outras pessoas. O trabalhador não gosta disso. Nós fizemos vários atos, como doação de sangue no Hemorio. Isso mostra que estamos do lado dos trabalhadores e da sociedade.”

Sobre a possibilidade de que novos protestos terminem em confronto, Humberto afirmou que os manifestantes já estão atentos para que tais atos não ocorram novamente. “Estamos exercendo nosso direito de cidadão e torcemos para que terça-feira seja um ato ordeiro. Pedimos aos nossos companheiros para se juntarem mais. Para ficarem mais atentos. Para afastar essas pessoas que desvirtuam o movimento.”

Uma nova manifestação dos servidores públicos e funcionários da Cedae está programada para esta terça-feira (14), a partir das 10h. No mesmo dia, o projeto de lei que permite a abertura de ações da empresa deve ser votado.

Segundo Humberto, é fundamental a participação da sociedade no processo legislativo que envolve a empresa fornecedora de água no Rio de Janeiro. “Isso deve ser debatido com a sociedade. Conversando com as prefeituras que não são ouvidas. Não há audiência pública.”

“A Cedae é uma empresa lucrativa, que hoje faz a maior obra de saneamento do Brasil, Bangu 2. Ela investe sete bilhões nesse importante investimento, que seria atrapalhado por uma eventual privatização. Além disso, o valor que está sendo colocado na negociação é muito baixo. Isso não vai resolver o problema do estado. O dinheiro resultante vai pagar duas folhas de pagamento dos funcionários e vai acabar. Não podemos esquecer que cada real investido no saneamento são quatro reais economizados na saúde.”

Ele também ressaltou que uma privatização da empresa poderia afetar negativamente muitas famílias do Rio de Janeiro. “As pessoas mais carentes vão ser muito prejudicadas. A tarifa social da Cedae atinge 1,220 milhão das pessoas mais pobres, e isso poderia acabar no caso de privatização”, concluiu.

* do projeto de estágio do JB