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Kassab inaugura no Rio mais potente computador instalado em universidade do país

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O Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ) inaugurou hoje (13) o Supercomputador Lobo Carneiro, o mais potente instalado em uma universidade federal do país.

Dotado de um sistema de engenharia inédito e que possibilita operação remota com eficiência energética, o Lobo Carneiro foi inaugurado em solenidade no Centro de Tecnologia 2 (CT2), na Cidade Universitária, na presença do ministro de da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab.

Com capacidade de 226 teraflops, o supercomputador pode executar 226 trilhões de operações matemáticas por segundo. Eficiência energética e operação remota são algumas das vantagens do supercomputador, que conta com um sistema de engenharia concebido exclusivamente para ele e que permite que prescinda do acompanhamento presencial 24 horas por dia, como é a regra para os demais computadores de alto desempenho em atividade no Brasil.

Eficiência Energética e operação remota, que possibilitam monitoramento mais eficiente dos dispositivos de segurança, da temperatura, umidade, além da redução da atividade e do consumo de energia, também são incluídas nas vantagens do sistema.

O Lobo Carneiro foi montado pelos pesquisadores da Coppe, em parceria com técnicos da startup brasileira Versatus HPC e Silicon Graphics International (consórcio vencedor da licitação), no Núcleo Avançado de Computação de Alto Desempenho (Nacad) da Coppe.

Depois da visita, o ministro Gilberto Kassab conversou com os jornalistas e falou sobre as vantagens do equipamento. “É um computador que está atrelado ao desenvolvimento do país, que precisa investir em pesquisa para poder avançar em tecnologia, se modernizar e a UFRJ e a Coppe dão um passo importante nesse sentido”.

“Nossa presença procura expressar o sentimento de gratidão pelo que aqui é realizado em um momento emblemático para o país, onde há dificuldades, onde a conjuntura econômica não é favorável a investimentos e a Coppe tá aí, avançando e investindo, estabelecendo parcerias e planejando o futuro do país”.

A cerimônia contou ainda com as presenças do reitor da UFRJ, Roberto Leher, do CEO da Silicon Graphics International (SGI), Jorge Titinger, e do diretor da Coppe, professor Edson Watanabe, entre outros.

Durante a visita ao Nacad, autoridades e convidados assistiram a uma demonstração de projetos que, após rodar no supercomputador, foram visualizados com simulação 3-D na Cave, o ambiente de realidade virtual do Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (Lamce).

“A relação capacidade computacional e eficiência energética do Lobo Carneiro é muito boa. O sistema foi concebido para preservar ao máximo a vida útil do equipamento e a operação pode ser feita remotamente, de forma segura, com autocontrole e redundância. Esse modelo de sistema de engenharia não tem precedentes no país”, afirmou o professor Guilherme Travassos, do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação da Coppe.

Responsável pelo projeto, Travassos informou que o Lobo Carneiro equivale a seis mil computadores caseiros e foi construído a um custo de R$ 10 milhões - o sistema como um todo, que envolve o próprio computador, o sistema de refrigeração, de proteção de energia e o ambiente inteligente para controle a automação –, com recursos da Lei de Incentivo ao Desenvolvimento da Indústria do Petróleo e do Gás Natural.

O professor não deixa dúvidas sobre a importância do supercomputador para o país. “Para nós, o computador é a porta para o futuro”. Ele acrescentou que o valor do investimento no projeto também contempla a manutenção de todo o sistema por três anos. “Então, há uma sobrevida de manutenção e o investimento futuro será proporcional aos projetos que serão desenvolvidos”.

“Nosso sistema pode ser usado em diversas circunstâncias, desde a previsão de desastre naturais, circulação de correntes na Baía de Guanabara, simulando a direção que está sendo tomada por manchas de óleo em decorrência da acidentes de diferentes perfis, e vazamentos em decorrência de acidentes em plataformas ou navios petroleiros”.

Outra vantagem destacada por ele é a possibilidade de otimização da malha de energia e a forma de melhorar a transferência energética dentro do Sistema Interligado Nacional (SIN). “Sem descartar, naturalmente, as pesquisas de petróleo e gás e as energias renováveis, que é uma área de excelência dentro da Coppe.”

O supercomputador terá seu uso compartilhado por pesquisadores da Coppe, de outras unidades da UFRJ, centros de pesquisa de instituições e empresas públicas e privadas. “A preservação do sistema e a eficiência energética, requisitos exigidos pela Coppe na licitação, vão ao encontro da responsabilidade pelo investimento público”, ressaltou o diretor da Coppe, Edson Watanabe.

Caráter inovador

Segundo a assessoria de imprensa da Coppe, o sistema de engenharia montado para o Lobo Carneiro não tem similar no país. Ele permite que o supercomputador prescinda do acompanhamento presencial, como é a regra para os demais computadores de alto desempenho em atividade no Brasil. Sua instalação é inédita do ponto de vista do controle e da automação.

Segundo Marcelo Pinheiro, diretor Comercial e de Produto da Versatus, o padrão é que haja ao menos um profissional presente no centro de operação de um computador de alto desempenho para tomada de decisão.

"O datacentro do Nacad é completamente diferente. Ele é remoto, não tem staff. Esse é um setupque não costuma ser usado, porque dispensa a redundância de equipamentos, que só seriam usados na falha dos equipamentos ´titulares´. Nesse setup não é necessário gerador, aparelhos de ar condicionado e no-breaks extras. Qualquer possível falha, o equipamento desliga sozinho e se preserva", esclareceu.

Ainda segundo a Coppe, o supercomputador integrará o Sistema Nacional de Processamento de Alto Desempenho (Sinapad), como primeiro nó, aumentando em 20% a capacidade dessa rede e consolidando o Rio de Janeiro como o maior centro de pesquisas a fazer parte.

Também atenderá ao projeto HPC4E (High Performance Computing for Energy), que reúne instituições de pesquisa e empresas do Brasil e da União Europeia. O objetivo é melhorar a eficiência do setor energético, por meio da computação de alto desempenho.

Porta para o futuro

Modelos computacionais demandam uma potência elevada para gerar milhares ou mesmo milhões de situações necessárias à observação dos fenômenos estudados pelos cientistas.

"Isso acontece, sobretudo, em áreas que exigem computação intensiva, como as engenharias, física, química, bioquímica, biofísica e outras. A computação de alto desempenho nos possibilita observar de forma mais intensa e detalhada aspectos relacionados a investigações científicas. O modelo e a teoria independem do computador, mas se eles demandarem esforço computacional a resposta será mais rápida. A vantagem desse tipo de equipamento é encurtar o tempo necessário à observação do experimento e assim ganhar em produtividade", explicou o professor Guilherme Travassos.

Segundo ele, não há como trabalhar na fronteira do conhecimento sem ter o ferramental adequado. “Você consegue ver e simular o que acontece com o ambiente. Você pode usar para gerenciamento de risco e para Defesa Civil. Se as pesquisas referentes ao vírus Zika exigirem o processamento de um grande volume de dados, o teste de muitas hipóteses em modelo computacional, a resposta (dada pelo supercomputador) será muito mais ágil. Galileu mudou o mundo usando um telescópio. Os supercomputadores são para a ciência hoje o que os telescópios foram para Galileu. O Supercomputador Lobo Carneiro é  nossa porta para o futuro”, concluiu.