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RJ: prefeito reajusta tarifas do transporte público

População começa fevereiro pagando mais pelas passagens

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Após a onda de protestos realizados no ano passado em todo o país contra o aumento das passagens do transporte público, a população do Rio de Janeiro vai começar o mês de fevereiro pagando mais ao passar pelas roletas dos ônibus. O prefeito da cidade, Eduardo Paes (PMDB), publicou o reajuste no Diário Oficial desta quinta-feira (30/1). A medida, que entra em vigor a partir do dia 8 de fevereiro, eleva a passagem de R$ 2,75 para R$ 3, o que representa um reajuste de pouco mais de 9,09%.

O prefeito Eduardo Paes havia declarado, neste mês, que iria aguardar um parecer que será emitido pelo Tribunal de Contas do Município (TCM), com as conclusões das auditorias pedidas pelo órgão, além do cumprimento das medidas acertadas no contrato de prestação do serviço. Nas auditorias, são avaliados os contratos para depois os dados serem confrontados com a planilha de custos das empresas e, assim, se chegar à definição da tarifa. 

A notícia do aumento das tarifas dos ônibus chegou uma semana após milhares de trabalhadores que moram nas áreas periféricas e na Baixada Fluminense serem prejudicados com as falhas técnicas e operacionais da SuperVia. Na quarta-feira passada (22), o sistema da SuperVia deixou o usuário mais uma vez "nos trilhos". O descarrilamento de um trem próximo à estação de São Cristóvão, por volta das 5h, provocou a paralisação de todos os ramais. O sistema da SuperVia só foi normalizado no final do dia. 

A Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro (Agetransp) afirmou que a concessionária será multada por falhas detectadas no plano de contingência, na comunicação e no atendimento aos usuários do sistema de trens urbanos após o este acidente. O secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, foi hostilizado pelos passageiros ao chegar no local do descarrilamento. Segundo ele, os problemas recorrentes nos trens da SuperVia são culpa das décadas de abandono e que daqui a dois anos todas as antigas composições serão substituídas.

E no meio dessa discussão entre governo e Agetransp, os passageiros tiveram que desembolsar mais uma passagem para chegar ao seu destino, já que os bilhetes distribuidos pela SuperVia aos usuários prejudicados com a paralisação, não dava direito à passagem de ônibus.  

Para o professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal Fluminense (UFF), Marcus Ianoni, as manifestações de junho de 2013, iniciadas em São Paulo e logo estendidas às principais cidades do país, tiveram como principal elemento de deflagração a questão das tarifas de transporte. De alguma forma, elas colocaram na agenda dos movimentos sociais e da sociedade civil a demanda pelo passe livre e, de modo mais amplo, o problema da mobilidade urbana nas cidades, sobretudo as grandes e médias.

Ianoni avalia que o reajuste de R$ 0,25 concedido pela prefeitura do Rio foi aprovado em um contexto decisório, expressando que os acontecimentos do ano passado não foram esquecidos. Pelo decreto do prefeito, a decisão vem acompanhada de auditoria para avaliar tecnicamente os reajustes, exigências de novos terminais e fixação de um prazo para  implantação de ar condicionado em todos os ônibus. "É preciso acompanhar essas medidas para que a população não se sinta novamente frustrada com o que podem vir a ser promessas não cumpridas. O desenvolvimento do país nos últimos dez anos, com aumento do poder aquisitivo das pessoas, regime de pleno emprego e aumento dos  automóveis individuais circulando nas ruas agravou o problema da mobilidade urbana. O sistema de transporte público ainda é precário, ainda não propicia condições dignas de locomoção aos usuários, e esse é um dos principais problemas que as autoridades públicas devem equacionar.  A sociedade civil tem demonstrado crescente descontentamento com a precariedade dos transportes", afirmou Ianoni.