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Eduardo Paes mantém o corte no ponto dos professores em greve

Prefeito do Rio não negocia mais com o Sindicato dos Profissionais de Educação

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O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, anunciou nesta terça-feira (8/10) que está procurando novos canais para negociar o fim da greve e desistiu de dialogar com o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe). O prefeito passou mais de cinco horas reunido com representantes de conselhos de professores, pais de alunos, a secretária municipal de Educação, Cláudia Costin, e com o secretário-chefe da Casa Civil, Pedro Paulo, no Palácio da Cidade, Zona Sul do Rio, para discutir o plano de cargos e salários proposto pela prefeitura e aprovado no dia 1 de outubro, na Câmara Municipal.

Eduardo Paes afirmou durante o encontro que "as lideranças do sindicato são muito radicais e não há como negociar". Por outro lado, o Sepe desqualificou a reunião marcada pelo prefeito e garantiu que os conselhos de professores que compareceram ao encontro não representam a categoria. "Esse foi mais um ato autoritário e para tentar desmoralizar as revindicações do Sepe, como o prefeito vem fazendo nos últimos dias", comentou Marta Moraes, uma das coordenadoras do Sepe. 

Marta destacou que o sindicato não foi convidado para o encontro e os conselhos presentes não representam a categoria. Ela acrescentou ainda que, desde a aprovação do plano de carreira, os professores ainda não foram recebidos pelo prefeito para discutir a questão. 

O Tribunal de Justiça do Rio negou a ação movida pelos professores contra a liminar que determinava o retorno imediato da categoria às atividades. O Sepe pode pagar multa de R$ 200 mil por dia, se desobedecer a determinação judicial. Segundo a coordenação do Sepe, será realizada ainda uma audiência de conciliação entre prefeitura e sindicato para definir essa questão e o sindicato entrará com novo recurso. A data da audiência ainda não foi divulgada.

Segundo o prefeito Eduardo Paes, a greve foi declarada ilegal e, por isso, já foi cortado ponto dos professores que aderiram ao movimento. "Eles querem nomear uma secretaria de Educação no meu lugar e revogar um plano que dá aumento ao professor. Não é uma pauta de alguém que queira discutir e negociar", disse Paes. A prefeitura manteve o corte do ponto dos professores que permanecem em greve e atribuiu ao sindicato a responsabilidade pelo fim do movimento. "A prefeitura não vai revogar o plano, ele e ótimo", reafirmou o prefeito. 

O plano de carreira enviado pela prefeitura à Câmara Municipal do Rio estabelece mudanças na remuneração e nos cargos dos professores. As emendas equiparam a remuneração de professores com a mesma formação e que exercem a mesma função, ou seja, o profissional que tem pós-graduação, mestrado, doutorado não tem direito a benefícios. Após assembleia realizada na tarde desta terça (8), os professores municipais decidiram pela continuidade da greve, que já dura quase dois meses. 

Protesto no Centro

Na tarde de segunda-feira (7), professores colocaram cerca de 50 mil pessoas no Centro do Rio, em uma manifestação pacífica por melhorias salariais e melhores condições de trabalho. No fim da passeata, integrantes do grupo black bloc se infiltraram e o protesto acabou em depredações.

>> Protesto pacífico dos professores termina em depredação no Centro do Rio

Aprovação polêmica

A aprovação do plano de cargos e salários dos professores aconteceu na tumultuada tarde do dia 1º de outubro. Do lado de fora da Câmara de Vereadores, professores protestavam contra o plano, enquanto que, do lado de dentro, vereadores aliados do prefeito o colocavam em votação. Policiais militares entraram em ação para coibir a manifestação, e houve confronto, com professores denunciando ação truculenta e violenta dos PMs.