No primeiro ato de protesto após a decisão da comissão especial de Investigação de Atos de Vandalismo em Manifestações Públicas, com uma medida que proíbe o uso de máscaras em protestos no Rio de Janeiro e também determina que manifestantes se identifiquem imediatamente aos policiais em meio a manifestações, pessoas ligadas ao Black Bloc tentaram invadir, na tarde desta sexta-feira, o prédio do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), no centro da capital fluminense.
O grupo se reuniu em frente à sede da Justiça fluminense em protesto contra a detenção de supostos líderes do movimento, conhecido por pregar o vandalismo contra alvos determinados como forma de protesto, na quarta-feira. Segundo a Polícia Civil do Estado, os detidos são administradores da página do Black Bloc no Facebook. Eles foram indiciados por formação de quadrilha armada.
Em meio ao ato nesta sexta-feira, manifestantes tentaram contornar o prédio do Tribunal de Justiça e entrar no local pela porta dos fundos, mas a PM formou um cordão e evitou a passagem do grupo.
O grupo retornou para a frente do prédio e tentou invadir o local. Seguranças do TJ e policiais militares contiveram o grupo, que conseguiu travar o fechamento de uma das três portas automáticas da entrada do tribunal.
Com a porta aberta, manifestantes passaram a jogar ovos e lixo para dentro do prédio. Os PMs reagiram e houve conflito com os manifestantes.
Em meio ao conflito, um manifestante teve uma fratura exposta no dedo indicador da mão direita. Segundo ele, o ferimento foi causado por um policial. “Sou só mais uma vítima do Estado. Esse é meu nome”, disse quando questionado sobre sua identidade. “Eu estava lá dentro e, na euforia, um policial militar tacou (sic) um cavalete que quebrou meu dedo”, afirmou.
Entre gritos contra a prisão dos membros do movimento e também o governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral , o grupo cobrava o esclarecimento sobre o desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza. “O Black Bloc não é bandido, você é que tem de achar o Amarildo”, cantavam.
Prisão preventiva
Hoje, a 27ª Vara Criminal de Justiça do Rio de Janeiro decretou a prisão preventiva dos três supostos líderes do grupo Black Bloc. Os três responderão por formação de quadrilha armada, crime inafiançável.
Na quarta-feira, em entrevista coletiva, a chefe da Polícia Civil, delegada Martha Rocha, afirmou que os detidos participaram de atos de vandalismo durante manifestações nos últimos meses. Além do trio, outros dois adolescentes foram apreendidos nas diligências realizadas em Niterói, São Gonçalo, Tribobó e na zona norte do Rio.
Desde o início de julho, a Polícia Civil investiga a fundo a atuação dos Black Blocs. Após as primeiras prisões, de fato, via investigações, uma vez que alguns manifestantes já haviam sido presos após os manifestos de rua, a linha de investigação, segundo Martha Rocha, será de buscar agora as ramificações do grupo.
"Ao serem ouvidos, eles admitiram que não só participavam das manifestações, como coordenavam essa página. Se eles aderem a essa conduta de convocar as pessoas para criarem um artefato perfurante, não há dúvida que eles pertencem a uma quadrilha", complementou.
As investigações apontaram ainda para perfis de classe média dos suspeitos presos na operação. "Essa presença de vandalismo desqualifica a ação legítima de manifestante. Ninguém pode convocar para que as outras pessoas façam esses instrumentos (perfurantes)", concluiu a chefe da Polícia Civil do Rio.