O Ministério Público do Rio de Janeiro solicitou, nesta terça-feira (8), ao governador Sérgio Cabral, informações a respeito de suas viagens ao exterior, denunciadas pelo deputado federal Anthony Garotinho (PR), em seu blog. Segundo informações do MP, o procurador-geral aguarda as respostas para serem analisadas pela assessoria da Chefia Institucional.
Adversário político de Sérgio Cabral, Anthony Garotinho divulgou imagens polêmicas do governador se divertindo em viagens ao exterior. Nas imagens, Cabral aparece jantando em um restaurante de luxo em Mônaco com o empresário Fernando Cavendish, presidente afastado da Delta Construções, investigada pela CPI do Cachoeira.
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Segundo Garotinho, as fotos foram tiradas na porta do hotel Ritz. O deputado acusa Cabral e seu grupo - que inclui Cavendish, sua então mulher Jordana e até o secretário estadual de Saúde Sérgio Simões e sua mulher - de terem pagado cerca de US$ 400 mil para fechar o restaurante L'Espadon, do mesmo hotel, em Paris, para o evento.
O governo fluminense respondeu que a viagem era para a participação do Guia Verde Michelin Rio de Janeiro e de encontros para tratar da campanha pelas Olimpíadas de 2016. As fotos, segundo o governo, foram tiradas no Clube Inglês. Garotinho alega que a viagem foi para o casamento de Cavendish e que as despesas foram bancadas pelo empresário.
Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.
Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.
Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.
Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.
Com Portal Terra