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Câmara de vereadores vira refúgio para parentes de vítimas de desabamento

Na sacada, lágrimas de familiares de desaparecidos e solidariedade de amigos

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A Câmara dos Vereadores do Rio de janeiro, na Cinelândia (no centro histórico carioca) se tornou o verdadeiro refúgio dos parentes dos desaparecidos depois dos desabamentos dos três prédios na noite da última quinta-feira (25). Na sacada da Câmara, muitos choravam enquanto outros rezavam na esperança de encontrar seus entes queridos ainda vivos. 

Muito abalado depois de receber a notícia de que sua prima está nos escombros do prédio do Edifício Liberdade - o primeiro a desabar, com 20 andares - , o aposentado José Alves viajou de Cabo Frio para o Rio de Janeiro ainda na noite de quinta-feira (25). A contadora Ana Cristina Farias, de 50 anos, trabalha no escritório da empresa Ábaco, com o seu marido. Diferentemente do hábito do casal, o marido saiu mais cedo do trabalho, enquanto Ana decidiu trabalhar até mais tarde.

Aos prantos na sacada da Câmara Municipal, José Alves não crê que sua prima esteja mais viva. "Já estive no local dos desabamentos e não vejo nenhuma probabilidade de encontrar minha prima com vida. Tudo foi abaixo. É triste demais”, contou.

Segundo parentes de vítimas ouvidos pelo Jornal do Brasil, uma equipe de psicólogos e médicos está prestando atendimento aos parentes das vítimas desde a noite de ontem, chefiados pela Secretaria  Municipal de Assistência Social. 

Também desolada diante da possibilidade de ter perdido seu noivo nos desabamentos, a mulher identificada apenas como Tatiana pedia a Deus que Flávio ainda estivesse vivo. Ela conseguiu contato com seu companheiro por volta das 0h, cerca de 3h30 depois da série de desabamentos.

"Eu disse 'Flávio, onde você está?' E ele respondeu apenas 'Oi, amor'. Depois disso não consegui mais contato. As ligações vão direto para a caixa postal. Quero meu noivo de volta e  vivo", chorava a mulher, temendo ter perdido seu noivo há nove anos. 

Mariana da Silva veio de Maricá para saber informações do casal de padrinhos Cornélio e Margarida Vieira de Carvalho. Pouco antes de adentrar a Câmara de Vereadores descobriu que Cornélio havia sido encontrado morto:

"Meu padrinho (zelador do edifício Liberdade) não sobreviveu, mas espero encontrar minha madrinha ainda com vida. Ela trabalhava como doméstica num prédio na Rua dos Inválidos e de segunda a sexta só chegava em casa a partir das 22h. Desejo muito encontrá-la viva", desejou a dona de casa.