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Facha: após demissões de professores, alunos temem pela qualidade do ensino

Porta-voz da faculdade diz que instituição passa por 'ajustes'

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Alunos da Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), tradicional instituição de ensino de Botafogo (Zona Sul do Rio), denunciaram ao Jornal do Brasil a demissão de mestres e coordenadores nesta quinta-feira (30). Segundo os estudantes, o número de demitidos chega a 17 e pode comprometer a qualidade de ensino na instituição.

Um diretor da unidade de Botafogo alega que o número de funcionários demitidos é de 14 e os cortes foram necessários para o 'bom funcionamento da unidade'.

A principal queixa dos alunos é com relação ao não esclarecimento sobre os novos rumos da faculdade. Eles reclamam que as demissões foram feitas logo depois da contratação da empresa de consultoria Comatrix para gerir a faculdade. A  empresa teria sido a responsável pela gestão da UniCarioca e da Estácio de Sá.

"Estão tentando transformar a Facha numa universidade qualquer. Esta faculdade nunca foi um lugar apenas para conseguir um diploma, mas sim para formação dos estudantes como cidadãos. Trata-se de um lugar para a democracia", acusa o presidente do Diretório Central dos Estudantes, José Roberto Medeiros.

Nesta sexta-feira (30), cerca de 100 estudantes se reuniram com um representante da empresa Comatrix, mas alegam que o encontro não contribuiu para o entendimento.

"O enviado da Comatrix falou bastante, mas não explicou nada. Foram respostas completamente evasivas.", criticou José Roberto, antes de acrescentar: "Temos medo da lógica puramente mercadológica, que deve ser adotada pela Facha". 

Uma nova reunião está prevista para esta segunda-feira (4) entre os alunos e um gestor da instituição.

Jornalista conhecido por participar do sequestro do embaixador estadunidense Charles Burke Elbrick, em 1969, o professor Cid Benjamin foi um dos demitidos desta quinta-feira (30). Ele não vê com bons olhos as mudanças na instituição.

"Ontem (quinta-feira), recebi um telegrama dizendo que os meus serviços não seriam mais necessários a partir do segundo semestre deste ano", conta. "Os professores demitidos são os que mais resistiram a este modelo de mercantilização do ensino".

Diretor da Facha alega 'ajustes necessários'

Diretor das unidades Botafogo e Méier da Facha, Saulo Lino procurou o Jornal do Brasil nesta sexta-feira (1º) e informou que os cortes de professores fazem parte de algumas modificações pelas quais a faculdade deve passar.

"Perdemos muitos alunos ao longo do último ano e, como qualquer empresa, estamos adequando o nosso quadro docente e administrativo às nossas necessidades. Precisávamos revitalizar o nosso quadro.", explicou Saulo.

Segundo ele, o corte trata-se de apenas 10% dos mestres, já que a instituição dispõe de 145 professores.

Questionado sobre o fato de os professores demitidos serem os mais antigos da Casa e sobre uma possível venda da faculdade, o representante rechaçou as duas acusações de alunos.

"Não houve preferência pelos mestres mais antigos. É mentira. Além disso, a Facha não pode ser vendida, porque é uma empresa privada de caráter filantrópico", finalizou.

Lista de demitidos

Os professores demitidos, segundo lista divulgada pelo Diretório Central dos Estudantes, foram: Drauzio Gonzaga, Naílton Agostinho Maia, Aluízio Pires, Adilson, Cid Benjamin, Francisco Duque, Sebastião Martins, Luiz Carlos Rotberg, Stan Félix, André Sampaio, Sérgio Gramático, Maria Célia, Maria Cecília, Nilceia, Rosângela Ainbinder, Cilene e Valderez Laroche.