A divulgação, semana passada, do relatório parcial sobre a queda do avião da Air France que saiu do Rio rumo a Paris e matou 228 pessoas, há dois anos, aumentou ainda mais a insatisfação dos parentes dos mortos. O presidente da Associaçãos dos Familiares de Vítimas do Voo 447, Nelson Marinho, fez duras acusações sobre a investigação. Segundo ele, o sentimento que traduz o posicionamento das famílias é revolta, diante da falta de conclusão das causas da queda do avião.
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De acordo com Marinho, o BEA (Escritório de Investigações e Análises), responsável por investigar as causas do acidente, tem sido manipulado pela companhia aérea Air France. Além disso, o órgão que comanda as investigações não autorizou que ao menos um representante das famílias brasileiras acompanhesse as buscas e investigações a bordo de um navio, no Oceano Atlântico.
"Eles estão adiando o relatório conclusivo das investigações por motivo econômico. Já era para ter sido divulgado um laudo conclusivo. Certamente, eles já conhecem as causas do acidente. Afinal, estão de posse das caixas pretas. No entanto, há uma grande feira da Airbus acontecendo na França neste momento. Assumir um erro na aeronave francesa faria a empresa perder muito dinheiro", ataca Nelson.
O conteúdo do relatório preliminar, divulgado na semana passada, também tem sido alvo de críticas das famílias.
"O defeito no sensor de velocidade não era novidade para ninguém. As investigações certamente estão caminhando. Porém, não estamos tendo o acesso a elas. Primeiro divulgam as novidades para a imprensa, e só depois nos passam as coisas, contrariando uma promessa feita na ocasião do acidente", critica o aposentado, que perdeu um filho na queda da aeronave.
Air France responde
A empresa Air France se manifestou, por meio de um comunicado enviado ao JB. Nele, representantes afirmam que especulações não são comentadas. Além disso, segundo a nota, não há como a empresa manipular as investigações, já que é investigada e não investiga o que aconteceu no acidente do dia 31 de mais de 2009.
Relatório de pilotos franceses aponta falhas no modelo A330
Um documento, em forma de relatório, com 750 páginas, escrito pelo Sindicato de Pilotos da França, teria sido entregue à Procuradoria da República, através de Nelson Marinho.
Segundo ele, o documento dá conta de uma série de problemas com aeronaves do modelo A330. As falhas são apontadas por pilotos que tiveram problemas com o modelo, que teria inúmeros defeitos de fabricação.
"Trata-se de um modelo muito automatizado. O grande problema é que o piloto fica refém da máquina. Se a máquina vem com defeitos de fabricação, o que resta ao piloto fazer? Nada."