ASSINE
search button

Polícia Federal começa a atuar nas operações do Rio de Janeiro

Em entrevista, secretário de Segurança Pública informa sobre operações a partir desta sexta-feira

Compartilhar

 

O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, disse, em entrevista coletiva no início da noite desta quinta-feira, que é importante prender os criminosos, mas que é ainda mais relevante retirar o território dos bandidos. "Eles faziam as barbaridades e corriam para os seus redutos, protegidos por armas. É importante prender essas pessoas, mas o mais importante é retirar o território. Eles ficam em condição vulnerável quando se rompe o muro que os protege", disse o secretário.

Beltrame se referiu às Unidades de Polícia Pacificadora (UPP's), que classificou como uma ação planejada e de longo prazo para resolver o problema da violência no Estado. O secretário disse ainda, que a população deve manter a calma e fazer uma reflexão sobre as mudanças nos índices de violência que a cidade conquistou nos últimos 15 meses, a partir das UPP's.

"Não vai ser apagando com um incêndio aqui e outro ali que vamos acabar com isso. O trabalho de repressão precisa ser feito, mas temos que ir atrás dos autores", disse Beltrame se referindo as facções criminosas que estariam por trás dos ataques criminosos dos últimos dias no Rio de Janeiro.

O secretário não deu detalhes sobre o planejamento das ações nos próximos dias para não gerar riscos aos policiais, mas afirmou que a partir de amanhã o efetivo vai contar com a colaboração da Polícia Federal. "As ações terão reforço imediato da polícia federal a partir de amanhã. São ações complexas, mas temos objetivos e sabemos aonde queremos chegar", afirmou.

Violência
Os ataques tiveram início na tarde de domingo, dia 21, quando seis homens armados com fuzis abordaram três veículos por volta das 13h na Linha Vermelha, na altura da rodovia Washington Luis. Eles assaltaram os donos dos veículos e incendiaram dois destes carros, abandonando o terceiro. Enquanto fugia, o grupo atacou um carro oficial do Comando da Aeronáutica (Comaer) que andava em velocidade reduzida devido a uma pane mecânica. A quadrilha chegou a arremessar uma granada contra o utilitário Doblò. O ocupante do veículo, o sargento da Aeronáutica Renato Fernandes da Silva, conseguiu escapar ileso. A partir de então, os ataques se multiplicaram.

Na segunda-feira, cartas divulgadas pela imprensa levantaram a hipótese de que o ataque teria sido orquestrado por líderes de facções criminosas que estão no presídio federal de Catanduvas, no Paraná. O governo do Rio afirmou que há informações dos serviços de inteligência que levam a crer no plano de ataque, mas que não há nada confirmado. Na terça, a polícia anunciou que todo o efetivo foi colocado nas ruas para combater os ataques e foi pedido o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para fiscalizar as estradas. Foram registrados 12 presos, três detidos e três mortos.

Na terça, a polícia anunciou que todo o efetivo foi colocado nas ruas para combater os ataques e foi pedido o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para fiscalizar as estradas. Foram registrados 12 presos três detidos e cinco mortos.

Na quarta-feira, com o policiamento reforçado e as operações nas favelas, 15 pessoas morreram em confronto com os agentes de segurança, 31 foram presas e dois policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) se feriram, no dia mais violento até então. Entre as vítimas dos confrontos, está uma adolescente de 14 anos, que morreu após ser baleada nas costas. Além disso, 15 carros, duas vans, sete ônibus e um caminhão foram queimados no Estado.

Ainda na quarta-feira, o governo do Estado transferiu oito presidiários do Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio, para o Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná. Eles são acusados de liderar a onda de ataques. Outra medida para tentar conter a violência foi anunciada pelo Ministério da Defesa: o Rio terá o apoio logístico da Marinha para reforçar as ações de combate aos criminosos. Até quarta-feira, 23 pessoas foram mortas, 159 foram presas ou detidas e 37 veículos foram incendiados no Estado.