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Caso Rafael Mascarenhas: testemunha diz que PMs ignoraram informação sobre atropelamento

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Os policiais militares Marcelo José Leal Martins e Marcelo de Souza Bigon, acusados de terem cobrado R$ 10 mil de propina para liberar o motorista Rafael Bussamra, que atropelou o músico Rafael Mascarenhas, filho da atriz Cissa Guimarães, no dia 20 de julho, no Túnel Acústico, na Gávea, ignoraram a informação dada por Rafael de que ele teria atropelado uma pessoa. E mesmo com o carro amassado no capô e com o vidro trincado no lado do motorista, os PMs teriam ordenado que ele os seguisse até a delegacia.

A revelação foi feita nesta terça-feira, dia 28, pelo jovem André Liberal Alves de Almeida, que viajava no banco do carona do carro dirigido por Rafael Bussamra. Ele foi o primeiro de quatro testemunhas ouvidas pela juíza Ana Paula Monte Figueiredo Pena Barros durante audiência realizada na Auditoria da Justiça Militar do Rio. Na sessão, que durou cerca de duas horas, também prestaram depoimento o mecânico Walter Antônio da Fonseca Filho, dono da oficina para onde o pai de Rafael, Roberto Bussamra, levou o carro para consertar; e dois policiais militares que teriam participado da ocorrência, após o atropelamento do músico.

Segundo André, logo após o atropelamento, Rafael parou o carro mais adiante e, pelo buraco do túnel, ele voltou sozinho ao local onde a vítima estava. Antes, porém, André teria dito para Rafael Bussamra ligar para a polícia e para o Corpo de Bombeiros, a fim de que uma ambulância fosse providenciada. Chegando ao local do atropelamento, um morador de rua teria sugerido que ele levasse Rafael Mascarenhas para um hospital, mas ele disse que seu amigo Rafael Bussamra já havia chamado uma ambulância.

Quando retornou, Rafael já estava sendo revistado pelos PMs Marcelo José Leal Martins e Marcelo de Souza Bigon. Segundo a testemunha, os PMs, mesmo sendo informados do atropelamento, apenas checaram se eles haviam consumido bebida alcoólica ou drogas. No caminho para a delegacia, os policiais pararam no posto de gasolina do Jockey e mandaram Rafael e André entrarem na viatura policial. De lá, seguiram para uma rua deserta, onde Rafael ficou conversando com os PMs até a chegada do seu pai, Roberto Bussamra.

Já o mecânico Walter Antônio da Fonseca Filho disse que foi procurado pelo pai e irmão de Rafael Bussamra, respectivamente, Roberto e Guilherme Bussamra, na manhã do dia 20 de julho. Segundo ele, Roberto Bussamra pediu que ele fizesse um orçamento no carro, pois seu filho havia se envolvido em um acidente. Em seguida, o pai de Rafael teria saído para comprar as peças do carro.

Também arrolado como testemunha pela defesa dos policiais, Guilherme Bussamra, não compareceu para prestar depoimento. Segundo os autos, Guilherme estaria residindo em São Paulo e, por isso, não foi intimado no endereço indicado no processo. Como a defesa não abriu mão do seu depoimento, a juíza Ana Paula Monte Figueiredo Pena Barros determinou que os advogados dos PMs apresentem, em cinco dias, o novo endereço de Guilherme. Se localizado em São Paulo, uma carta precatória será enviada ao TJ daquele estado, para que ele preste depoimento lá.

Os PMs Leal Martins e Bigon são acusados de corrupção passiva, falsidade ideológica e de descumprimento de missão.