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DA REDAÇÃO - O velório do menino Wesley Rodrigues, 11 anos, acontece desde o início da manhã deste sábado no Cemitério de Irajá, no Rio de Janeiro. O estudante, que sonhava ser policial militar, morreu depois de ter sido atingido por um tiro de fuzil numa sala de aula do Ciep Rubens Gomes, em Costa Barros, na Zona Norte do Rio, na manhã de sexta-feira. Policiais do 9º Batalhão (Rocha Miranda) faziam uma operação nas favelas da Quitanda e da Pedreira, próximas à escola, quando aconteceu o tiroteio.
Wesley foi socorrido por duas professores, que, desesperadas, decidiram colocá-lo num carro e levá-lo para o Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes. No caminho, em Cascadura, pararam uma ambulância, mas o estudante não resistiu e já chegou morto à unidade.
No Instituto Médico Legal, os pais do garoto, o comerciário Ricardo Freire de Andrade e a empregada doméstica Islaine Rodrigues do Nascimento, foram amparados por parentes, amigos e professoras. Transtornado, Ricardo disse que prefere não saber de onde partiu o tiro de fuzil. "Isso não vai adiantar nada. Infelizmente, é mais um para as estatísticas. Ele era torcedor do Flamengo, alegre e estudioso", disse o pai.
Comandante exonerado
Na tarde de sexta-feira, o comandante do batalhão, coronel Fernando Príncipe, foi exonerado do cargo pelo comandante-geral da Polícia Militar, Mário Sérgio Duarte, e substituído pelo tenente-coronel Luiz Carlos Leal. Segundo nota enviada pela PM, a mudança foi realizada para "garantir total isenção e rigor na apuração do ocorrido". Policiais da Divisão de Homicídios investigam as circunstâncias da morte e de onde teria partido o disparo. Há informações de que o disparo que matou Wesley teria sido feito por homens vestidos com roupas pretas, de cima de uma passarela localizada atrás do Ciep.
Durante a operação, que, de acordo com a PM, seria para apurar denúncias de atuação de traficantes na região, foram apreendidas seis armas, entre elas, uma submetralhadora e uma carabina ponto 30, drogas, oito motos e nove caça-níqueis. Houve pânico e correria entre os 800 alunos da escola na hora da troca de tiros. "Foi doloroso ver Wesley saindo ferido, sangrando muito", lamentou uma professora do menino.
"Caso inaceitável"
A secretária municipal de Educação, Claudia Costin, lamentou a tragédia em sua página no portal de microblogs Twitter e disse que vai apurar o caso ocorrido no Ciep em Costa Barros, classificado por ela como "inaceitável".
"A professora Rejane, em prantos, me contou o triste ocorrido e me lembrou que há um ano tiveram o mesmo problema. A escola deveria ser um santuário! Infelizmente, a criança faleceu. Vamos mandar o Proinape (grupo interdisciplinar com psicólogos e assistentes sociais) à escola", disse Claudia Costin.