Caio de Menezes , Jornal do Brasil
NITERÓI - Com dificuldades para deixar a Região Oceânica de Niterói desde as chuvas que atingiram o estado, na semana passada, provocando a queda de barreiras que obstruíram as principais vias de saída da localidade, moradores têm enfrentado problemas. Muitos perderam compromissos, como audiências judiciais e consultas médicas.
O analista do Banco Central, Charles Davis Gomes Gonçalves, de 57 anos, morador de Camboinhas, disse que foi impossível chegar ao trabalho nos dias seguidos a chuva.
E olha que eu tentei. Mas era impossível sair da Região Oceânica. Na terça-feira, o mais longe que pude chegar foi no trevo de Piratininga. O dia seguinte ainda foi melhor. Consegui ir até o Largo da Batalha. Era possível passar pela Estrada da Ititioca, mas depois de três horas engarrafado, desisti. Depois que houve o trágico deslizamento do Morro do Bumba, a situação ficou pior. A descida pela Garganta, é mais estreita, não passam dois ônibus em sentidos opostos, o que deixa o tráfego tumultuadíssimo, quase inviável analisou o funcionário público.
Ainda em Camboinhas, a empresária Emília Silva, de 67 anos afirmou que sua loja de peças automotivas, no Centro de Niterói, está largada .
Foi impossível abri-la. Não tenho como chegar até ela. Meu gerente, que assume minhas funções, em minha ausência, mora em Itaipu. Funcionários de outros bairros enfrentam o mesmo problema lamentou ela, que ainda não calculou o prejuízo pelos dias de porta fechada.
Funcionário de uma loja de conveniência de um posto de gasolina em Itaipu, aos pés da Estrada de Itaipuaçu, interditada devido a deslizamentos de terra e árvores caídas, Márcio Luz, de 31 anos, disse que tem enfrentado problemas. Segundo ele, por não ter como sair da Região Oceânica perdeu uma audiência na Justiça.
Não tive como ir ao Tribunal, que fica no Centro. Nem sei como ficará minha situação, ainda não consegui falar com meu advogado disse.
Leonardo Fernandes Cerqueira, de 22 anos, estudante do curso de Estudos de Mídia da Universidade Federal Fluminense (UFF), deu graças à Deus" ao fato da UFF só retornar às aulas segunda-feira.
Estou sem aulas. Mas tinha uma consulta médica, agendada há meses, onde não consegui comparecer. Para chegar em Icaraí, ou enfrentava o trânsito intenso ou arrumava um helicóptero, estava impraticável disse ele, morador em Itacoatiara.
Porém, o técnico em comércio exterior Marco Aurélio Silva, de 55 anos, afirmou que, apesar de ter deixado de cumprir com alguns compromissos profissionais, não reclama do isolamento forçado .
Não temos como chegar a lugar algum, mas pelo menos estamos saudáveis e com a casa em pé lembrou ele.