Julia Ribeiro, Portal Terra
RIO - A família de Helena Farias de Lima, 62 anos, moradora do bairro Tinguá, em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, calcula que tenha perdido cerca de R$ 20 mil em aparelhos eletroeletrônicos, após sua casa ser invadida pela água durante o forte temporal que atingiu a região na noite de quarta-feira. Na cidade, 30 pessoas ficaram desalojadas devido às chuvas. Foram confirmadas três vítimas fatais e dois feridos em um desabamento.
Viúva e mãe de quatro filhas, Helena comemorava o aniversário de uma delas quando, por volta de 20h, oito membros da família foram surpreendidos com a água que invadiu o local pelas janelas. A família foi retirada de sua residência pelo Corpo de Bombeiros, devido ao risco eminente de desabamento.
Helena, que sofre de pressão alta foi socorrida pela ambulância da Defesa Civil. No meio da rua, a família viu a casa ser invadida pela água. Eles acreditam que o alagamento foi causado por uma tromba d'água e pelos bueiros que estouraram.
Todos os móveis, objetos, roupas e documentos foram perdidos. Helena contou que até uma geladeira, da qual só havia pago duas prestações, foi perdida. "A festa virou um pesadelo. Perdi toda uma história de vida, mas a família está ao meu lado e agradeço a Deus. Fiquei muito confusa, sei que quase morri", disse. Às 21h, a família começou a retirar a lama, tentando recuperar alguns objetos no meio da rua João Silveira Bueno, uma das mais atingidas pelo temporal.
Até as 17h desta quinta-feira, a família ainda tentava limpar a residência, depois de passar a noite em claro. Apenas uma televisão de 21 polegadas foi salva. Helena reclamou que o carro que fornece água própria para consumo havia passado apenas uma vez. Sua filha Cristiana, 34 anos, descreveu o momento em que a água invadiu a casa como "segundos atordoantes". "Foi muito rápido quando a água entrou, e os bombeiros gritavam pra gente sair. Na rua, vizinhos estavam chorando, desnorteados, assistindo os eletrodomésticos boiando", afirmou.
Cristiana disse que viu a casa de vizinhos desabar e que, ainda sob a chuva, tentava conter a água - que alcançou 1,5 m, segundo a Defesa Civil - que vinha dos bueiros e ralos já sem a tampa. Sua estratégia foi usar toalhas para evitar ainda mais estragos. Cristiana, que é professora de escola pública, contou que as aulas estão suspensas. Sua casa, próxima ao Morro da Biquinha e da cachoeira da reserva, sofreu sérios danos. "Perdemos tudo, menos a vida", disse. Sua família está desalojada e não pretende ir para os abrigos disponibilizados pela prefeitura.