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RIO - O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), responsável pelo pedido de prisão preventiva dos dois policiais militares envolvidos no caso da morte do coordenador da ONG AfroReggae, Evandro João da Silva, assassinado na madrugada da última segunda-feira após um assalto no centro do Rio, afirma que enxerga indícios de crime militar no caso e ressalta a "perplexidade" pela conduta dos PMs.
A 1ª Promotoria de Auditoria da Justiça Militar do MP-RJ encaminhou nesta sexta-feira o pedido para decretação de prisão preventiva do soldado Marcos de Oliveira Sales e do capitão Dennys Leonard Nogueira Bizarro. Os dois PMs, que cumprem prisão administrativa no 13º Batalhão, onde são lotados, são acusados de roubar pertences do coordenador da ONG, não terem socorrido a vítima e ainda terem liberado os suspeitos do crime.
Câmeras de segurança de lojas próximas ao local do assalto que vitimou o coordenador da AfroReggae registraram a presença de dois policiais militares, que chegaram a abordar os dois assaltantes, mas depois os liberaram, ficando em poder de um par de tênis e uma jaqueta de Evandro. As imagens também mostram que os PMs não prestaram socorro à vítima, que estava caída na calçada.
O pedido de prisão preventiva, segundo o MP, ressalta que as imagens gravadas indicam que os policiais abordaram dois indivíduos logo após o crime de latrocínio (roubo seguido de morte) e "sem qualquer razão liberaram estas pessoas, ficando com os pertences da vítima do delito".
A promotora responsável pelo pedido, Isabella Pena Lucas, diz ainda que "a vítima agonizava a curta distância da abordagem e os referidos militares não providenciaram o socorro a que estavam obrigados por lei". Os PMs "tinham o dever de garantir a ordem pública e assegurar a paz social", porém "ao contrário, se veem envolvidos em atos que denigrem a imagem da instituição que representam, fazendo uso indevido da autoridade em que foram investidos", continuou a promotora.
O pedido de prisão preventiva também considera os "fortes" indícios de crime militar cometidos pelos policiais. "As condutas que são imputadas ao acusados causam extrema perplexidade, além de demonstrar o descaso e o desprezo com a vida humana. O fato, além de ferir os princípios da hierarquia e disciplina a que estão subordinados, ainda fere qualquer racionalidade e bom senso. Lamentavelmente tal prática incute na sociedade a ideia de que não estamos mais seguros nem mesmo ao lado da polícia", conclui o pedido de prisão.
O pedido de prisão preventiva do MP-RJ fundamenta-se no Inquérito Policial Militar instaurado para apurar a conduta dos PMs. Se a prisão preventiva dos policiais for decretada, eles serão encaminhados para o Batalhão Especial Prisional (BPE).