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Lagoa: após a inauguração da oitava elevatória, problemas diminuem

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Nara Boechat, Jornal do Brasil

RIO - Cartão postal do Rio, a Lagoa Rodrigo de Freitas ganhou sua oitava elevatória de tratamento de esgoto na última terça-feira. o projeto todo é de R$ 50 milhões e 300 ligações clandestinas de esgoto já foram retiradas. Para quem vive o dia-a-dia do espelho d'água, as mudanças são visíveis, e a maior delas é a volta dos peixes.

Nestes dois anos já melhorou bastante, mas não sei se está tudo aquilo que dizem diz Carmem Correa, de 44 anos, que rema há dois no Clube de Regatas Vasco da Gama. Acho que eu ainda não mergulharia na Lagoa.

Com a mesma opinião, o barqueiro do clube, Renato Barbosa, ressaltou que tem visto mais pescadores e a diminuição da mortandade de peixes.

Antigamente, aqui era um cheiro insuportável, mas agora melhorou muito. De vez em quando ainda sentimos um odor, mas geralmente é só quando chove.

Desafinando o coro, porém, o técnico de remo do Botafogo Alexandre Monteiro, de 42 anos, diz que nunca houve tanta sujeira na Lagoa. Ele avalia, no entanto, que a frequência da limpeza aumentou de maneira proporcional.

Todos os dias, os agentes da Cedae e da Comlurb estão aqui limpando acrescenta Alexandre, frisando que a pior época de sujeira é no final do ano, com a árvore de Natal luminosa.

Ainda segundo o técnico botafoguense, não há passado de doenças no clube decorrentes do contato com a água.

Nunca peguei doença e não conheço ninguém que tenha pego. Apenas uma vez, um aluno apareceu com hepatite, mas depois vimos que ele havia acabado de chegar de Arraial D'Ajuda, na Bahia.

O coordenador técnico de remo do Flamengo, Paulo Macário, 36, diz que quando começou a remar, há 22 anos, havia até seringas boiando, provenientes do Hospital da Lagoa e que hoje dá para se ver o fundo da água.

Evandro da Silva e Marcos Luiz pescam com frequência na Lagoa e disseram que quem mais contribui para a poluição é a própria população.

E ainda olham de cara feia se a gente reclama conta Marcos.

O também pescador Walter Marinho, por sua vez, reclama da falta de peixes. Segundo ele, que trabalha na colônia de pescadores localizada no Parque dos Patins, a ligação entre a lagoa e o mar, pelo canal do Jardim de Alah, está fechada, impossibilitando o aumento do número de peixes.

Já perdi a conta de quantas vezes reclamei com a prefeitura. Eles falam que fecham para manter o nível da água e que o pescador não tem do que reclamar, pois está cheio de peixes conta Marinho, que não acredita na despoluição sem a troca de água pelo canal.

Walter diz ainda que nos últimos anos tem aparecido muito a espécie de peixe tilápia, que, segundo ele, vive em água doce ou poluída.

Nunca teve tilápia nessa região e agora tem.

Segundo o biólogo Mario Moscatelli, a tilápia não é exatamente um peixe de água poluída, mas consegue suportar mais a sujeira do que as outras espécies.

A tilápia vive em água doce. Se não há troca com a água salgada, a renovação é muito pequena e ela vai acabar reinando no local.

O biólogo ainda ressalta o perigo da comporta ficar fechada.

Se chover torrencialmente, pode haver uma inundação ao redor da Lagoa, como ocorreu em 1996. O canal deve ficar desobstruído e aberto.

A Rio-Águas, órgão subordinado da Secretaria Municipal de Obras, informou que realiza o trabalho de desassoreamento do canal do Jardim de Alah diariamente e que a ligação entre a lagoa e o mar ocorre em função da maré do dia, da maré meteorológica e das condições climáticas .