Marcelo Migliaccio, Jornal do Brasil
RIO - Advertido pela sua chefia por tentar salvar a vida da estagiária da Caixa Econômica Federal Carla Leal dos Reis, baleada nas imediações da estação do metrô do Estácio no último dia 29 de março, o agente de segurança Leonardo Francisco Dyonísio recebeu anteontem a notícia de que estava demitido da empresa Metrô Rio.
Não me disseram os motivos da demissão conta Leonardo, de 28 anos. Mas só pode ter sido por causa daquele episódio, porque nunca tive problemas e sempre cumpri os procedimentos.
Numa noite de domingo, Carla, 25, voltava para casa com os pais quando foi assaltada numa rua da Cidade Nova. Ela teria pedido que o criminoso a deixasse retirar o crachá da bolsa e acabou baleada na cabeça. O assaltante, viciado em crack (soube-se depois), fugiu e a mãe de Carla acabou pedindo ajuda na estação do metrô, onde Leonardo estava de plantão.
Contrariando as diretrizes de seus superiores, o segurança deixou a estação e foi à rua tentar estancar o sangue de Carla. Chegou a pedir pelo rádio uma maca, o que lhe foi negado na sala de comando de operações. Mesmo com seu esforço, Carla morreu.
Depois de gozar de dois dias de folga, Leonardo voltou ao trabalho e levou uma advertência por ter se ausentado da estação para socorrer Carla. Em seguida, foi transferido do Estácio, onde trabalhava, para a estação Carioca.
Acho que me transferiram por retaliação, porque não estava previsto na escala de rodízio afirma o agora ex-segurança.
Duas semanas depois, Leonardo se afastou do serviço por problemas de saúde uma tendinite no ombro e um derrame no joelho, segundo ele. Agora, dois meses depois, quando voltou, foi demitido.
Após ser informado de que não faz mais parte dos quadros da concessionária Metrô Rio, Leonardo recebeu uma carta onde a empresa declara que nos cerca de três anos em que permaneceu na empresa não houve nada que desabone sua conduta moral ou profissional .
Metrô Rio se pronuncia
Por intermédio de sua assessoria de imprensa, a empresa Metrô Rio informou que o desligamento do funcionário dos quadros não está relacionado ao socorro à estudante Carla Reis . Segundo concessionária, foi uma decisão meramente administrativa.