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Tem Walter Rodrigues na paisagem

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Iesa Rodrigues, JB Online

RIO - É evidente que os dias bonitos, a temperatura amena e a locação privilegiada são atributos da cidade. Tanto que o prefeito Eduardo Paes comentou que seria um desafio para os estilistas criar coleções que não fossem ofuscadas pela beleza do ambiente. Walter Rodrigues superou o desafio quando abriu a agenda de desfiles nesta terça-feira à tarde.

Simples looks de calças e regatas, incrementados com transparências e ombros à mostra, passaram na beira do cais, sem luz artificial, só com o sol do fim do dia. Esse privilégio de sala realçou as opções de modelos de calças. Todas eram pretas, mas cada uma em um corte larga e curta, justa e longa, larga e longa, justa no alto e aberta na barra (é a Flare, a moda do momento).

Quase todas tinham a companhia de regatas brancas, um dos itens mais básicos da vestimenta contemporânea, em geral cobertas por blusas drapeadas em tules e materiais transparentes. Além do preto e branco, Walter confirmou o amarelo-esverdeado como cor lançada pela semana de moda.

Walter integra um grupo brasileiro que parte do trabalho em ateliê, com técnicas de alta-costura. Desse clube sofisticado, fazem parte Carlos Tufvesson e Luciano Canale, que ontem usou a estratégia de sedas puras e bordados de paetês dourados em um conjunto jovial de bermudas, saias, calças e vestidos decorados com poás, círculos, ilhoses e bolinhas em cores contrastantes. Rico, mas urbano e bem complementado pelos turbantes com pedrarias e os óculos dourados. De armações redondinhas, douradas, claro.

Outro toque de humor foi a coleção de Alessandra Migani. A publicitária que virou estilista convocou chefs de cozinha para criarem pratos que foram fotografados e transformados em uma das estampas do tema Boca a Boca. Além dos pratos, que pareciam outra versão dos poás de Luciano Canale, Alessa mostrou estampas de boquinhas em vestidos de seda e de doces e balas. Parece estranho, mas ao vivo fez sentido, como estilo bastante usável e feminino.

O tão aguardado desfile de Lenny Niemeyer trouxe novidades, como a modelagem e os recortes orgânicos dos maiôs, montados em arame. Ou ferro tubular, como informava o texto de apresentação do desfile. Com essa técnica, aumentaram os decotes em formas inusitadas. Há também franjados na frente de maiôs e biquínis de corte reto, montados em faixas a laser, coladas nos corpos, sem costura.

Ombreiras são admitidas na moda praia, certos modelos parecem bodies, mais fechados do que o normal, do que o que se espera de uma grife praiana de luxo. Em compensação, há biquínis de tirinhas, muito cavados nas costas. Esta é a praia da Lenny, acrescida de um bom investimento em vestidos-pareôs em seda e macacões com blazers perfeitos. Ela sai da areia e do iate e invade as calçadas.

Mas o desfile perdeu um pouco da exuberância no atual formato, sem cenários cinematográficos o que se manteve foi a qualidade do som, que enfim alcançou o volume certo no Fashion Rio.

Desfilaram ainda Giulia Borges e Tessuti, com um estilo inspirado no jazz e nos anos 1920 e 1930.