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Justiça decreta prisão de acusados de torturar equipe de jornal

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JB Online

RIO - O juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira, da 1ª Vara Criminal de Bangu, decretou nesta quinta-feira a prisão preventiva de oito acusados de integrar a milícia da Favela do Batan, que seqüestrou, torturou e roubou uma equipe do jornal O Dia em maio de 2008 e cometeu crimes de extorsão, roubo, tortura, ameaça, constrangimento ilegal, estelionato, entre outros, de 2007 a meados de 2008. Respondem ainda pela ameaça a Wolney Francisco de Paula, em outubro de 2005, quando ele era então presidente da associação de moradores do Batan. Fábio Gonçalves Soares, José Antônio Rachel de Souza, Marco Antônio Alves da Silva, André Luís de Mattos, Wilson de Souza Guimarães Júnior, Gladson da Silva Leite, Lincoln Barros Rodrigues e Erland André da Silveira Carvalho já se encontravam presos em razão da prisão temporária anteriormente decretada pelo juiz.

Na decisão, Abrahão ressalta a necessidade de retirar os milicianos do meio da população.

- Não é necessário grande esforço para se perceber a rota sangrenta que essa variante da criminalidade organizada do Estado vem diariamente adotando. Basta a leitura de qualquer jornal de circulação carioca para se ter certeza do alegado. Inúmeras mortes, fugas espetaculares de presídios de segurança máxima e até mesmo plano para tomar de assalto um quartel do Exército Brasileiro com objetivo de roubar fuzis já chegaram ao conhecimento da estarrecida população fluminense - disse.

Para o juiz, a custódia cautelar dos acusados é de suma importância para garantia da ordem pública, bem-estar da sociedade e das testemunhas e ainda para a viabilização da futura aplicação da lei penal.

No dia 14 de maio de 2008, o grupo participou do seqüestro da equipe do jornal, constrangendo as vítimas com emprego de violência, causando-lhes intenso sofrimento físico e mental com o objetivo de obter informação quanto às fotografias e materiais de cunho jornalístico que foram colhidos, bem como o local onde estavam. Durante os atos de tortura, a repórter chegou a perder os sentidos, sendo reanimada a socos e pontapés. Antes de libertarem a equipe, ainda roubaram celular, MP3, dois televisores, equipamentos eletrônicos e R$ 860.

Segundo a denúncia, a organização criminosa elabora um forte, bem organizado e privativo esquema de controle e domínio sobre determinados serviços, como venda ilegal de gás, distribuição de sinal de TV a cabo de maneira clandestina e segurança armada, formando a organização chamada de milícia, que atuava na Comunidade do Batan. Ainda segundo o Ministério Público, o grupo, denominado de "Águia", atuava como verdadeiro poder paralelo, exercendo simultaneamente os papéis de agente repressor da criminalidade local e juízes de tribunais criados por eles mesmos, torturando, extorquindo, ameaçando e até executando sumariamente qualquer pessoa que viesse a descumprir seus comandos ou desrespeitar o "monopólio" imposto pelos quadrilheiros para o comércio de certos produtos ou realização de determinadas atividades. Entre os denunciados, há policiais, agentes penitenciários e outros ligados à segurança pública.