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Chuvas podem ter comprometido estrutura de prédio

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Luciana Lacerda, JB Online

BARRA - As fortes chuvas que atingiram o Rio nos últimos dois dias contribuíram para que a estrutura de mais um prédio ficasse comprometida na comunidade de Rio das Pedras, no Recreio. Na madrugada de quinta-feira, foram ouvidos estalos na estrutura da construção, localizada na Avenida do Canal. Ela corre risco de desabar a qualquer momento.

A Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil confirma que a chuva pode ter acelerado o processo de degradação do prédio, que foi desocupado nesta quinta-feira e será demolido nos próximos dias.

Outras edificações próximas, construídas de forma irregular, com material de má qualidade e em áreas de risco, poderão ser prejudicadas.

O arquiteto e urbanista Canagé Vilhena, ex-vice-presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ), faz coro à posição da Secretaria de Saúde e Defesa Civil e reforça outras questões.

- A chuva pode comprometer muito esse tipo de construção, mas não é o principal motivo para os riscos que elas correm. O principal é o fato de elas estarem numa área de turfa, que é o solo de vegetais apodrecidos. Mais grave ainda é que esses prédios estão a menos de 10 metros de um canal. Pelo fato de o terreno ser muito frágil, ele se movimenta de acordo com a quantidade de chuva que recebe. Logo, a fundação da construção pode se movimentar com muita facilidade, num terreno quase líquido. A edificação fica meio flutuante - esclarece Canagé.

- Isso já seria suficiente para o governo ter impedido a construção, porque a margem do rio é uma área de proteção ambiental. É um risco, além de ser um crime ambiental.

Outras questões apontadas por Canagé são a construção em área pública e o fato de que qualquer pessoa que não é credenciada pelo Crea e exerce essa função deve ser encaixada numa contravenção penal.

O subsecretário da Defesa Civil do Município, coronel Sérgio Simões, explicou que, na tarde de quinta-feira, o prédio foi escorado para que moradores pudessem retirar seus pertences. A previsão é de que, nesta sexta-feira, um laudo sobre o estado do prédio seja concluído. A demolição começará o mais rapidamente possível para evitar acidentes.

- O pilar do prédio rompeu e pode entrar em colapso a qualquer momento -ressaltou o coronel.

Segundo o coordenador da Secretaria Especial de Ordem Pública, Cesar Gonçalves, o prédio já foi completamente desocupado e a energia elétrica foi desligada. Um outro prédio, também de cinco andares, que foi avaliado durante a semana pelas equipes da Defesa Civil, vai receber a contenção para ser demolido manualmente. Entretanto, o coordenador ressalta que as condições do tempo influenciam no andamento dos trabalhos.

A Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil esclarece que, desde o primeiro desabamento, no dia 6 de janeiro, seis imóveis foram interditados, e o prédio, que sofreu os estalos na estrutura quinta-feira, não estava entre eles. O edifício já foi avaliado mas o laudo para saber se a demolição será parcial ou completa, e como ela deverá ser feita, ainda não foi concluído. Enquanto isso, as famílias foram encaminhas para abrigos, mas a maioria preferiu ficar na casa de parentes.