Eduardo Tavares, JB Online
BARRA - O último dia do feriado prolongado registrou um número impressionante de resgates nas praias da Barra e Recreio. Segundo o Grupamento Marítimo da Barra (2º G-Mar), somente
hoje foram registrados 328 afogamentos e 119 crianças
perdidas no trecho localizado entre o Quebra-Mar e o fim do
Recreio. De acordo com o comandante do 2º G-Mar, coronel Ricardo Nunes, as repentinas sequências de ondas fortes e a grande quantidade de banhistas ocasionaram o elevado número de afogamentos. O balanço de ocorrências durante os quatro
dias foi de 433 salvamentos e 191 menores perdidos. Apesar de alguns casos graves, nenhum óbito foi registrado.
Após o resgate, as vítimas com quadro mais delicado foram levadas
para os hospitais Lourenço Jorge, na Barra, e Miguel Couto, na Gávea.
- Foi uma combinação explosiva. Sol forte, feriado e mar traiçoeiro. Apenas uma das nossas lanchas fez mais de 100 salvamentos na Barra. O mar estava aparentemente calmo, com
ondas de um metro. Repentinamente surgiam séries com ondas maiores. No recuo da espuma, o grande volume de água arrastava as pessoas para fora da arrebentação explicou Ricardo Nunes. Desde o início da manhã, colocamos três embarcações no mar, distribuímos 120 guarda-vidas pelos
postos de salvamento espalhados pela Barra até Guaratiba e botamos seis ambulâncias de prontidão.
Um helicóptero Águia também foi utilizado no socorro das vítimas. Segundo revelou o comandante do 2º G-Mar, o horário crítico de ocorrências foi entre 10h e 15h. Ele fez questão de frisar o apoio da Capitania dos Portos, que esteve
presente na Praia da Barra.
- Foi fundamental para que o número de vítimas não fosse ainda maior. A presença das embarcações da Capitania inibiu a presença de jet skis que ultrapassam constantemente a
linha da arrebentação para fazer manobras arriscadas disse Ricardo Nunes. O equipamento, quando desgovernado, pode atingir crianças e adultos que estão na beira da praia.
O coronel alertou que, caso faça sol, o alto número de afogamentos deve se repetir nos próximos fins de semana na Barra. O desconhecimento das condições do mar e a displicência por parte dos banhistas aumentam o trabalho dos bombeiros.
O banhista Marcelo de Souza, de 20 anos, aguardava preocupado o resgate do primo Igor, de 21.
- Avisei para ele não abusar. Disse que sabia nadar. Após um sequência de ondas grandes ele foi puxado para fora da arrebentação. Entrar no mar como o de hoje parece fácil, mas
sair sozinho é um problema.