ASSINE
search button

Choque de ordem: segurança clandestina é o novo alvo

Compartilhar

Felipe Sáles, Jornal do Brasil

RIO - Sem fazer alarde ou exibir toneladas de números, o programa Noite Legal, da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Seseg), vem promovendo um choque de ordem nas casas noturnas cariocas. Com o esforço de um exército de só dois homens, a Lapa claro é um dos redutos boêmios em rota de colisão com o programa, que no último fim de semana fechou uma casa e comprou briga com o Circo Voador e a Fundição Progresso, dois dos mais tradicionais palcos do Rio. Na Fundição, foram encontrados seguranças irregulares um dos problemas mais comuns da noite carioca, tomada por cerca de 8 mil profissionais ilegais.

Bagunça atrai bagunça, e a Lapa precisa de uma atenção maior comentou o delegado Marco Castro, coordenador do Noite Legal. Segurança ilegal é um problema bastante comum, infelizmente, em todo o Rio. Vamos investir nisso e na legalização das casas noturnas em vários pontos da cidade.

Embora a assessoria da Fundição reitere que todos os contratados estão legais, Castro constatou, na última sexta-feira, que havia apenas um vigilante da empresa Viga Forte, enquanto os outros 30 não eram formados. O relatório será enviado à Polícia Federal, responsável pela fiscalização. Em vez de pagarem R$ 80 a um vigilante, as empresas pagam R$ 30 a um não-formado, estima Castro.

É uma situação preocupante, pois isso dificulta as investigações em caso de confusão comentou o presidente do Sindicato dos Vigilantes do Rio, Fernando Bandeira.

Outro com problemas com vigilantes foi o Bar Carlitos, que fica em frente aos Arcos da Lapa. O espaço foi fechado no fim de semana porque não tinha alvará nem documento dos bombeiros garantindo segurança ou sequer saída de emergência. O bar ainda contava, no andar de cima, com uma boate onde acontecia um baile funk sem autorização da Secretaria de Segurança conforme a Lei 5.265, do deputado cassado Álvaro Lins.

Foi por conta dessa legislação que a briga chegou até o Circo Voador, onde, desde setembro de 2004, acontece todo mês a festa Eu amo baile funk . Castro entendeu que o alvará do espaço registrado como uma associação artístico-cultural feria a legislação, mas a decisão ficou por conta das polícias Militar a Civil, que autorizaram o evento.

A secretaria estuda uma alteração da lei, mas o meu trabalho é fazer cumprir a vigente hoje argumentou. Para mim, a autorização deve ser a mesma para qualquer evento, até evangélico.

É uma loucura a quantidade de documentos que nos exigem, mas vamos cumprir a lei, e o evento será mantido afirmou a diretora do Circo, Maria Juçá. Funk é uma manifestação cultural. Muitos meninos saem da favela direto para o palco do Circo Voador. Essa lei é discriminatória e preconceituosa e espero que o governo reveja.

Festas ilegais na mira

As festas clandestinas também estão na mira do Noite Legal. Eventos divulgados em flyers e pela Internet vêm sendo monitorados pela secretaria. No Réveillon, por exemplo, o delegado acabou com uma rave em Búzios. Em outra, há cerca de duas semanas no Parque Terra Encantada, na Barra, a festa estava legal, mas os policiais apreenderam 15 lanças-perfumes e um menor de 15 anos foi flagrado com maconha.

Neste fim de semana, o Noite Legal fiscalizará boates da Barra. Ao todo são feitas cerca de 40 operações por ano. O programa é ligado à Subsecretaria de Ensino e Programas de Prevenção, por isso o Noite Legal é, além de repressivo, também pedagógico e educativo. O programa, porém, conta apenas com Castro e um soldado da PM para fiscalizar todas as festas do Estado. O telefone para denúncias é 2223-3232.

Para uma festa ser autorizada, o organizador deve informar, com 30 dias de antecedência, o Corpo de Bombeiros e o batalhão e a delegacia da área. Entre outras obrigações, a festa deve contar com câmeras de segurança, empresa de segurança e atendimento médico.