Fernanda Thurler, JB Online
RIO - Para dar um banho nas adversárias e conquistar o tricampeonato, a Beija-Flor de Nilópolis vai ter que suar muito até a hora do desfile. A cinco semanas do Carnaval, apenas 60% da preparação estão prontos. Os problemas? Falta de patrocínio e a crise econômica mundial, além da prisão de seu mecenas, Aniz Abraão David. A diretoria da agremiação estima que a dívida com fornecedores chegue a R$ 1,5 milhão.
Nessa época do ano, já era para estarmos com 90% da escola prontos compara o diretor de carnaval, Laíla. Mas, com garra, determinação e vontade, nós vamos ser tri.
Com o enredo 1No chuveiro da alegria quem banha o corpo, lava a alma na folia1, a Beija-Flor vai levar para a Marquês de Sapucaí 11 carros alegóricos, 4.080 componentes e 42 alas. Uma das maiores despesas, aliás, é com a doação de 3 mil fantasias aos foliões da comunidade.
Os acessórios estão até quatro vezes mais caros ressalta o diretor de carnaval. Não é porque a ala é da comunidade que vamos diminuir a qualidade das fantasias. Com isso, podemos terminar o carnaval com uma dívida de R$ 1,5 milhão.
Menos mão de obra
Na visita do JB ao barracão 11 da Cidade do Samba, anteontem, homens ainda soldavam alegorias. Dez carros estavam em fase de montagem, alguns ainda com a estrutura de madeira e poucos já adereçados. Hoje, o principal adversário é o relógio.
Com o corte de gastos, tivemos de contratar 30% menos do que em 2008 acrescenta Laíla.
Para o desfile na avenida a escola é a penúltima do domingo serão gastos 7,5 mil litros de água. A novidade da Beija Flor este ano é que duas pessoas vão desfilar vestindo a mesma fantasia na ala Que tal nós dois numa banheira de espuma.
É uma irreverência. Os componentes andarão no mesmo ritmo destaca o carnavalesco Alexandre Louzada.
A Beija-Flor vai contar na Sapucaí a relação do homem do com o banho. A história começa em 3.000 a.C. Os egípcios tinham o costume de banhar-se diariamente numa forma de reverenciar os deuses. No século II a.C., os romanos construíram as chamadas termas. O banho era um momento de repouso e de convívio das altas castas, uma prática social e um ritual simbólico. As termas também era usadas para revigorar os soldados.
Já na Idade Média, os banhos e rituais de limpeza foram foram proibidos, o que aumentou o contágio por algumas doenças, em especial a peste. A Igreja Católica acreditava que a água amolecia a alma.
Com as cruzadas e o convívio com os orientais, foi redescoberta a pureza do banho. E, quando os europeus chegam à América do Sul, tomam um banho de civilização ao ver a relação íntima do índio com a água conta o carnavalesco.
O enredo da Beija-Flor passa ainda pelo cientista francês Louis Pasteur, defensor da adoção de medidas profiláticas para evitar doenças contagiosas até chegar ao dias de hoje, em que o banho virou moda, com os banhos de sol, de lua, de gato, de loja e de cheiro.