Paula Máiran, Jornal do Brasil
RIO - Uma manobra política tão clássica quanto simples impediu nesta terça, na Câmara Municipal, a votação do Orçamento de 2009. Forjou-se dentro do plenário falta de quórum para justificar o cancelamento da pauta parlamentares deixaram de assinar, propositalmente, a lista de presença.
Revelou-se bem-sucedida a estratégia assumida pelo líder da base de Cesar Maia, Paulo Cerri (DEM). O grupo decidiu procrastinar a votação com o fim de ganhar tempo para votar, ainda neste ano, propostas de interesse direto da atual gestão municipal.
Foi tudo absolutamente normal, os que não assinaram a presença tiveram responsabilidade diante da necessidade de planejamento da pauta avaliou Cerri, sobre a jogada política. Houve precipitação quando marcaram a votação do orçamento para hoje (terça), depois de reunião na sexta-feira. O orçamento está pronto para ser votado, mas isso não deve ocorrer antes da votação de outras matérias pendentes. Se votar o orçamento, não se vê mais nada na Câmara. Saem todos de férias.
O quórum exigiria o registro oficial da presença de pelo menos 17 vereadores, mas só 11 assinaram a lista de confirmação em tempo hábil. Nove parlamentares, embora em carne e osso no plenário, optaram por não assiná-la. Rogério Bittar do PSB, foi convencido a se manter como fantasma pelo vice-presidente da Câmara, Jorge Pereira. Este fez discurso pela falta de quórum, mas foi obrigado a registrar presença para abrir a sessão, na falta do presidente Aloisio de Freitas (DEM).
Liguei para o Adilson Pires (PT), para o Jorge Felippe (PMDB) e para o Guaraná (PSDB), para contar. O Adilson veio mas não teve força contra a manobra contou Andrea Gouvêa Vieira (PSDB), da ala dos oficialmente presentes.
Trinta vereadores sequer deram as caras. Rosa Fernandes, do DEM, por exemplo, justificou a ausência por viagem às custas de seu bolso e com pedido de desconto das faltas.
Pauta pendente
Segundo Cerri, a votação do orçamento, em proposta que prevê margem de 30% de remanejamento, não passa da semana que vem. Ele garante que não se repetirá o atraso de 2007, quando a redação final do orçamento de 2008 só recebeu ok em 4 de janeiro.
Deverão ir ainda à votação, por exemplo, a aprovação das contas da Câmara de 2007. E matéria do interesse de Maia. Caso da aprovação das contas de 2007 do prefeito, já aprovadas pelo Tribunal de Contas do Município. Deve entrar em pauta também projeto de lei para anular decreto de Maia, para torná-lo lei, que converteu licenças-prêmio em dinheiro vivo (mais de R$ 60 milhões já pagos a funcionários). Paes disse que não está preocupado com esse atraso na votação do orçamento, segundo ele de caráter "fictício".