Felipe Sáles e Raphael Lima, Jornal do Brasil
RIO - Conhecido mundialmente por suas belezas naturais, o Rio revela aos turistas o seu lado mais sombrio logo quando chegam à cidade. Do Aeroporto Internacional Tom Jobim ao Santos Dumont, da Rodoviária Novo Rio à Via Dutra, quem visita a cidade logo é apresentado ao harmonioso convívio entre a lei e a desordem. Uma parceria sintetizada principalmente na rodoviária, onde ambulantes, meninos de rua e motoristas irregulares atuam sob a benção de agentes do município, do Estado e até do governo Federal.
Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, Alfredo Lopes, essa primeira impressão ruim, principalmente para turistas estrangeiros, prejudica a imagem da cidade fazendo com que o retorno seja muito mais difícil.
No aeroporto internacional, a presença de seguranças da Infraero não impede a ação de engraxates, que abordam os freqüentadores na área externa. Outra atividade recorrente é a abordagem que os despachantes de empresas de táxis fazem nos passageiros que desembarcam. Semana passada, o trabalho desses despachantes nas áreas internas foi proibido pela Infraero que, pela sua assessoria de imprensa, informou que a partir de agora, quando a atividade for identificada, será feito um pedido direto à cooperativa responsável para que o problema não ocorra novamente.
O químico Celso Mauro, que utiliza o aeroporto com freqüência, disse que no Santos Dumont o pior problema vêm dos táxis não cadastrados: Eles nos abordam grosseiramente, gritam e fazem pacotes de preço - comentou Mauro.
A Secretaria Municipal de Transportes disse que os táxis amarelos são proibidas de fazer corridas sem uso de taxímetro.
Rodoviária: problema crônico
Nem mesmo a presença da mais moderna estrutura de investigação e monitoramento montada na história do serviço secreto brasileiro a 50 metros da Rodoviária Novo Rio foi capaz de abalar o vai-e-vem de ilegalidades na região. Montado para os Jogos Pan Americanos, o Centro de Inteligência está há mais de um ano sendo adequado às tecnologias adotadas pelo Centro de Comando e Controle do Estado, de acordo com a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp).
É bom você ir para dentro da rodoviária avisou um dos seguranças da Novo Rio ao notar a reportagem do JB na região. É muito arriscado ficar aqui fora.
Menores de rua cheirando cola se misturam aos camelôs embaixo do Viaduto da Perimetral, onde também fica um ponto clandestino de vans e táxis. Enquanto um ônibus do Departamento de Transportes Rodoviários (Detro) fica fixado na Rua Rodrigues Alves, basta virar a esquina, em frente à Rodoviária Novo Rio, para notar a presença aos gritos de pessoas oferecendo passagens para várias regiões do interior do Estado.
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Teoricamente, a punição para transporte de passageiros sem autorização é a apreensão do veículo e pesada multa de R$ 1.820. Segundo o Detro, este ano foram apreendidas 1.966 vans, 1.062 ônibus e 1933 táxis piratas e veículos particulares fazendo lotadas. A divulgação dos serviços, porém, continua sendo feito como se não houvesse repressão, ao lado do Detro e de dois guardas municipais que atuam na região.