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RIO - Foi condenado pelo Tribunal do Júri Federal, o ex-técnico de enfermagem Abraão José Bueno por oito homicídios, triplamente qualificados, de crianças internadas no Instituto de Puericultura Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Os crimes ocorreram em 2005. Ele provocou a morte de quatro crianças e tentou assassinar outras quatro. Abraão foi condenado a cerca de 110 anos de reclusão em regime fechado.
O julgamento, que teve início na última terça-feira, foi encerrado às 6h desta quinta-feira, depois de 35 horas de duração. José Bueno respondia ao processo preso desde que foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF), em dezembro de 2005.
O procurador da República, Jaime Mitropoulos, autor da denúncia, acusou-o de homicídios triplamente qualificados pelo fato de os pacientes assassinados serem crianças e não terem capacidade de defesa. Além do autor da denúncia, participaram também do Júri Federal os procuradores da República Eduardo André Lopes Pinto e José Augusto Vagos.
O Júri considerou que os homicídios foram triplamente qualificados por terem sido cometidos por motivo torpe, pois o acusado buscou obter prestígio profissional e satisfação pessoal. Além disso, também considerou que os crimes foram feitos de forma insidiosa, já que o condenado aproveitou-se da sua condição pessoal de técnico de enfermagem, pois era responsável pelo cuidado das vítimas e tinha conhecimento sobre os quadros clínicos das mesmas.
Ele também escolhia o melhor momento para nelas injetar medicamento não prescrito e mantendo-se ao lado das vítimas, escondendo da equipe médica a causa do súbito agravamento das crianças.
Segundo a denúncia, o ex-técnico de enfermagem, conhecendo as condições de saúde dos pacientes, injetava nas vítimas - todas crianças - medicamentos sedativos, barbitúricos e bloqueadores musculares sem prescrição médica ou em doses mais elevadas, levando-as a sofrer súbitas paradas respiratórias e agravando o estado geral de saúde. Com isso, pelo menos quatro morreram.
- O julgamento desse acusado pelo Júri Popular reflete a resposta da sociedade aos atos hediondos que ele praticou e uma satisfação às famílias das crianças vitimizadas e que sofrem até hoje pelos graves fatos ocorridos no Hospital - afirma o procurador da República José Augusto Vagos.