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Projeto Bopinho na Tavares Bastos começa sábado

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JB Online

RIO - O Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Polícia Militar do Estado do Rio cedeu espaço em sua sede, no bairro de Laranjeiras, na Zona Sul, para que crianças e idosos da Morro Tavares Bastos, vizinha à unidade, façam aulas de ginástica rítmica e ginástica para a terceira idade, promovidas pela ONG Gente Brasil. Da parceria, que teve início em janeiro de 2007, quando a organização não governamental iniciou suas atividades na comunidade, nasceu o Projeto Bopinho, voltado para policiais e seus filhos e que estréia neste sábado, a partir das 10h, nas dependências do Bope.

- O Projeto Bopinho vai reunir policiais e seus filhos no local de trabalho desses profissionais para a realização de brincadeiras, muita animação e jogos educativos. Queremos juntar pais e filhos para que tenham um dia, uma manhã de relaxamento e de lazer explicou a diretora da ONG, Gabriella de Los Rios. O comandante do Bope, tenente-coronel Alberto Pinheiro Neto, acrescentou que o encontro será o primeiro de uma série já programada que vai aproximar amigos e mostrar aos familiares o local de trabalho dos profissionais da tropa de elite.

O Morro Tavares Bastos é reconhecida por ser uma das únicas comunidades da capital fluminense onde não existe o tráfico de drogas nem a atuação de milícias, pois desde dezembro de 2000 está localizada no alto do morro a sede do Bope. Em 2007 foi escolhida para as gravações do novo filme do Hulk e, antes, também foi cenário para os filmes Tropa de Elite e Maré, Nossa História de Amor.

O cenário de encostas, vielas, pequenos comércios, bares, crianças correndo e moradores conversando na porta dos barracos é o mesmo de outras favelas do Rio. No entanto, além de uma vista panorâmica da Baía de Guanabara, a Tavares Bastos, tem uma diferença fundamental em relação a outras comunidades: não há barricadas, nem traficantes ou milicianos armados circulando pelas ruas.

O comandante lembrou que essa tranqüilidade não custa nada para os moradores, porque, afinal, a segurança é garantida pelo poder público: policiais da tropa de elite da PM, o Bope, tem há oito anos seu quartel no alto daquele morro e a convivência pacífica entre moradores e policiais é patente.

- Vizinhos do batalhão, os moradores da Tavares Bastos têm uma rotina atípica das favelas. Eles cumprimentam diariamente os PMs, que andam na favela desarmados. Fuzis, pistolas e outras armas são carregadas somente quando os policiais fazem treinamento na favela contou.

Mas, para que a comunidade fosse transformada no que é hoje, foi necessário que o Bope fizesse várias operações. Segundo o comandante, a equipe do batalhão encontrou o prédio onde hoje é a sede da tropa de elite abandonado e com bandidos. De agosto de 2000 até a inauguração da sede, em dezembro do mesmo ano, foi feita uma série de incursões, e os traficantes fugiram.

A parceria entre o Bope e a comunidade é festejada pelo comandante. O tenente-coronel aposta que, se a população quiser, o futuro de favelas como as do Complexo do Alemão, por exemplo, pode ser o mesmo.

- O grande segredo para a ausência do tráfico no local foi o desejo dos moradores, que queriam que isso acontecesse e nos deram crédito. Isso vale tanto para comunidades menores, como a Tavares Bastos, com cerca de 6.500 moradores, como as de maior densidade populacional como Manguinhos, Maré e outras destacou.

A ONG Gente Brasil também vai criar na Tavares Bastos uma Oficina de Circo com cursos de acrobacias diversas e malabares, duas vezes por semana, e vai ampliar o de ginástica rítmica, onde atualmente estão matriculadas 80 crianças. Gabrielle de Los Rios trabalha com a pedagoga Rosimeri Carvalho de Oliveira, assessora do Bope para projetos de educação e cultura, além de professores e conta com apoio da Associação de Moradores da Tavares Bastos.