Gustavo de Almeida, Agência JB
RIO - Os generais Sérgio Rosário e Juarez Genial, que há três semanas foram afastados da coordenação da segurança dos Jogos Pan-Americanos, disseram hoje na Câmara em Brasília que estão preocupados com a possibilidade de "incidentes" no Rio durante os Jogos Pan-Americanos.
Em depoimentos prestados espontaneamente na tarde desta quarta-feira, os dois disseram que sempre defenderam um comando único para a Segurança no Pan, a cargo das Forças Armadas. O depoimento foi dado em audiência pública realizada na Comissão de Segurança Pública e Contra o Crime Organizado da Câmara, a convite do deputado federal Marcelo
Itagiba (PMDB-RJ).
Para o deputado as declarações dos generais, que foram afastados de suas funções e não poderão acompanhar a execução do planejamento que fizeram durante três anos de trabalho, acenderam a luz amarela para a segurança dos jogos .
Segundo Itagiba, é preciso ter a certeza de que será possível cumprir tudo o que foi planejado, para que não ocorra nenhum problema de segurança, e também para que o país não corra ainda o risco de, mesmo em caso de pequenos incidentes, ser desqualificado a sediar outras competições internacionais pretendidas .
Itagiba se disse preocupado também com o legado que será deixado para a
segurança pública do Rio de Janeiro, haja vista que até hoje não se sabe que equipamentos serão incorporados à estrutura das polícias, embora tenha
havido promessa do governo federal nesse sentido. Os generais que participaram da audiência disseram que não poderiam ajudar no fornecimento de tais informações, já que ficou a cargo da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) a aquisição dos equipamentos.
Segundo o general Rosário,"o artigo 144 da Constituição não trata da existência da Força Nacional de
Segurança Pública, cujo funcionamento como força de segurança exige uma
mudança legal do referido artigo, por meio de emenda constitucional".
Em sua opinião, somente as Forças Armadas têm poder legítimo de
comandar as forças auxiliares que participarão da segurança dos jogos. Mas, ressaltou o oficial, houve a decisão da Presidência da República de que a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) comandasse as operações.
Segundo Rosário, a Senasp poderá, no máximo coordenar, mas jamais comandar,
pois as forças estaduais não estão subordinadas à ela.
De acordo com o general, as forças auxiliares se subordinam às Forças Armadas, segundo a Constituição Federal, mas a incumbência de comando foi dada a Senasp. "O secretário de Segurança Pública do Rio não está subordinado ao titular da Senasp", explicou o general Rosário, se dizendo frustrado com o afastamento na fase final do trabalho e revelando sua preocupação com a segurança do Pan 2007. "O nosso afastamento prejudica a transmissão dos conhecimentos adquiridos durante o
planejamento para os que darão continuidade aos trabalhos", afirmou Rosário.
Segundo o oficial, haverá um vazio que poderá trazer problemas, pois, hoje, a 64 dias do início dos jogos, ainda não houve treinamento mínimo para operar os equipamentos de segurança adquiridos, que ainda não foram entregues às forças policiais que as utilizarão".
O general Juarez Genial revelou sua decepção por não poder ter cumprido a
missão que recebeu. "Em toda a minha vida militar, jamais deixei de cumprir
uma missão até o seu final, o que só veio a ocorrer agora, estando na
reserva, quando forçosamente fui obrigado abandonar a missão".
Ele afirmou que "poderá haver problemas de segurança nos jogos, pois as forças policiais estão preparadas para patrulhamentos cotidianos, mas desconhecem os conceitos que envolvem o policiamento num megaevento como o
Pan 2007". Segundo o general Genial. A equipe afastada pelo Co-Rio tinha a
experiência de ações no Haiti e no Timor Leste, como também ações de
observação nos Jogos Pan-americanos de São Domingos e nas Olimpíadas de
Atenas.