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Secretaria Estadual de Saúde contabiliza seis mortos na Vila Cruzeiro

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Agência JB

RIO - Um levantamento da Assessoria de Comunicação Social da Secretaria Estadual de Saúde, apresentado na tarde desta terça-feira, elevou para seis o número de mortos que passaram pelo Hospital Getúlio Vargas (HGV), na guerra que vem sendo travada há uma semana, entre traficantes de drogas da Favela Vila Cruzeiro, na Penha, Zona Norte do Rio, e a PM fluminense.

A nova estatística contabiliza dois homens que até o momento não foram identificados por parentes ou familiares. Um deles, negro, de cerca de 30 anos, foi baleado no tórax, na noite do último dia 2. O outro é pardo, de 25 anos presumíveis. Ele chegou morto ao HGV, na manhã do dia 3 de maio. A vítima foi atingida no tórax e no abdômen. Os corpos foram removidos para o Instituto Médico Legal (IML), no Centro.

Antonia Dalva dos Santos, de 32 anos, foi baleada e deu entrada, na tarde de hoje, no HGV. Ela foi atingida dentro de casa, na Vila Cruzeiro, por estilhaços de bala no braço direito. Antonia é a 41ª vítima de bala perdida nos confrontos.

Também à tarde, a polícia divulgou o material apreendido pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM, na manhã desta terça-feira, na Favela Vila Cruzeiro, na Penha, Zona Norte do Rio. Um cordel detonante, feito de dinamite e de alto poder de destruição, surpreendeu os policiais. Papéis com a contabilidade do movimento de drogas e dos negócios da quadrilha também foram

Uma farda completa do Bope e 70 munições para vários calibres também foram apreendidos. O cordel produz uma explosão localizada. Se amarrado em algum objeto ou parte do corpo poderá causar destruição ou mutilação. A ocorrência foi registrada na 22ª DP (Penha). Durante a madrugada , os policiais do Bope já haviam apreendido na mesma Vila Cruzeiro um fuzil, trouxinhas de maconha e uma roupa camuflada.

Por volta do meio-dia, cerca de 300 moradores da Vila Cruzeiro fizeram uma manifestação na Avenida Nossa Senhora da Penha, via que margeia o complexo de favelas do Alemão. A Polícia Militar mandou um reforço de cerca de 100 homens do 16º BPM (Olaria) e do Batalhão de Choque para auxiliar no policiamento da manifestação.

Os moradores protestaram contra a alteração de rotina provocada pela ocupação da Polícia Militar na favela. A manifestação, que percorreu diversas ruas do bairro, foi pacífica. Por precaução, comerciantes fecharam as portas de seus estabelecimentos. Uma hora depois, alguns reabriram e outros permaneceram fechados.

Os moradores se concentraram na Avenida Nossa Senhora da Penha, via que margeia o complexo de favelas do Alemão. Eles entoaram palavras de ordem como "Queremos Paz", "Ão, ão, ão, não ao Caveirão" e "Ôôô, Cabral é traidor". Os manifestantes reclamam ainda que desde o início da operação do Bope, cerca de 3.500 crianças deixaram de ir às aulas. Em uma semana de confrontos na Vila Cruzeiro, seis pessoas morreram e 41 ficaram feridas.

O comandante do 16º BPM (Olaria), coronel Marcos Jardim, classificou a manifestação como patética. Ele afirmou ainda que o protesto foi promovido seguindo orientação do tráfico de drogas do local.