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Líder nas pesquisas no 1º turno e atrás nas do 2º turno, Paes reforça nova conduta e parte para o ataque contra Witzel em debate

Bruno Kaiuca -
Os candidatos ao governo do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM) e Wilson Witzel (PSC), participam de debate para o segundo turno das eleições 2018
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A Band realizou, ontem, o primeiro debate transmitido pela TV no segundo turno entre os candidatos ao governo do Estado do Rio de Janeiro Eduardo Paes (DEM) e Wilson Witzel (PSC). Mais uma vez ficou clara a inversão de papeis dos dois candidatos nessa segunda etapa do pleito em relação aos confrontos de ideias no primeiro turno. Se era Witzel quem assumia comportamento mais agressivo, atacando adversários diretos, e Paes evitava polêmicas e lamentava o uso do tempo para troca de acusações em lugar da discussão dos programas, agora é Paes quem parte para o ataque — Witzel devolve na mesma moeda, mas mantém uma conduta mais reativa, porém defensiva, procurando fazer perguntas sobre programas de governo, quando parte dele a primeira palavra.

Pela primeira vez, apoiadores de Witzel promoveram uma manifestação na rua. O grupo, formado por sete pessoas, usava máscaras do candidato adversário Eduardo Paes e do ex-governador Sérgio Cabral. Um deles usava roupa de presidiário.

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Os candidatos ao governo do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM) e Wilson Witzel (PSC), participam de debate para o segundo turno das eleições 2018 (Foto: Bruno Kaiuca)

Cabral. Portavam um cartaz com uma imagem da ciclovia Tim Maia com os dizeres “O Rio não esqueceu”.Um dos integrantes usava roupa de presidiário. Outro, ficou deitado na rua, ao lado de uma bicicleta caída para “representar” as vítimas do desabamento da ciclovia, ocorrido em 2016, quando Paes era o prefeito do Rio. Ele assumiu a responsabilidade pela queda.

O primeiro bloco já começou quente e, praticamente, como um reprise do debate anterior, realizado no jornal “O Globo”. Paes abriu os trabalhos lembrando a fala de Romário, em confronto no primeiro turno, chamando Witzel de frouxo e questionando o fato de o ex-juiz ter deixado o Espírito Santo devido a ameaças do crime organizado. “Como é que o senhor pretende governar o Rio de Janeiro, se não conseguiu enfrentar o crime organizado?”, indagou o ex-prefeito do Rio. O ex-juiz justificou novamente sua decisão por ausência de garantia de segurança à época e disse que Paes é que “amarelou”, ao não conceder aos agentes da Guarda Municipal o direito a porte de arma.

Na sequência, Witzel acusou Paes de ser da “turma do [governador Luiz Fernando] Pezão e representa o [ex-governador Sérgio] Cabral” e disse que vai “varrer” esse grupo político do estado. O ex-prefeito retrucou dizendo que o ex-juiz devia começar retirando “o presidente de seu partido” [Pastor Everaldo], que também é investigado pela Lava Jato. Witzel rebateu lembrando que Paes “foi tomar cafezinho na casa do Everaldo para implorar para que [Witzel] fosse ser seu vice, e eu não aceitei”. Paes respondeu que podia “tomar café” republicanamente com quem bem entendesse, mas “não aceito ser empregado de um investigado da Lava Jato”, em referência ao presidente do PSC, Pastor Everaldo. Paes pediu direito de resposta logo após a primeira pergunta, mas a organização do debate não o concedeu.

No segundo bloco, Witzel manteve a estratégia de associar Paes a políticos presos por corrupção, enquanto o candidato do DEM questionava a postura ética do ex-juiz. “Tenho 25 anos de vida pública e há dois anos não tenho fórum privilegiado. Todos foram presos e eu, não. Você é que anda com o sócio do Picciani. Tem visto o Azenha? Esses são os coordenadores da campanha do Witzel”, provocou Paes, em referência a Luiz Carlos Azenha, advogado que ajudou o traficante Nem da Rocinha a fugir ao escondê-lo na mala do carro. O candidato do PSC respondeu que o coordenador da sua campanha é Bernardo Santoro. Acrescentou que Paes “financiou campanha dos filhos do Picciani” e, mais uma vez, disse que o candidato democrata “divide guardanapo” com o ex-governador Sérgio Cabral.

Paes voltou a citar o vídeo em que Witzel, em uma palestra, ensina juízes uma “engenharia” para conseguir uma gratificação para questionar sua ética. Enumerou também outras situações envolvendo o ex-juiz, como o fato de ele receber auxílio-moradia apesar de ter casa própria, ficar seis anos sem pagar IPTU, não ter pago um empréstimo e não declarar empresas junto ao TSE. Em sua resposta, Witzel recorreu à delação do ex-secretário de Paes, Alexandre Pinto, para afirmar que ele ensinava como conseguir comissão de 1,75% em obras. Paes pediu direito de resposta e a obteve. Ele reproduziu uma fala do próprio Witzel para desqualificar a acusação, no caso, “prova do ouvir dizer é desprezada, não serve para nada”.

O terceiro bloco iniciou com nova provocação de Paes, indagando as relações de Witzel com o empresário Mário Peixoto, outro investigado na Lava Jato, por relações com Jorge Picciani. Witzel respondeu que o ex-prefeito estava com uma “obsessão” com o nome de Peixoto que, na verdade, seria “amigo do seu [dele, Paes] correlegionário [Picciani]”. Paes disse que mantinha relação institucional com Picciani, mas que nunca foi “amiguinho” de figuras como Mário Peixoto, e que o ex-juiz também se relaciona com investigados em fraudes no Fundo Postalis, do Correios, como o economista Paulo Rabello de Castro e o advogado Luiz Carlos Azenha. Os únicos momentos de relativa trégua foram nas perguntas feitas por Witzel, sobre segurança pública, e pela produção, sobre o sistema prisional, em que os candidatos apresentaram propostas semelhantes, como a valorização dos profissionais que atuam nessas áreas.

Witzel abriu o quarto e último bloco chamando Paes de “soldado do Lula”. Já o candidato do DEM qualificou como “dantesca” a cena de um vídeo, feita em um ato de campanha de Witzel, em que aliados do ex-juiz quebraram uma placa em homenagem à vereadora assassinada Marielle Franco.

No final, instados a falar sobre suas propostas relacionadas a tributos do estado, ambos concordaram que é preciso combater a sonegação de impostos.

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debate | elétrico | pa | rio | witzel