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Paes e Witzel voltam a trocar farpas em debate ao abordar proximidade com Bolsonaro e ligações com apoiadores

Reproduções/O Globo -
Paes questionou relação de Witzel com advogado de traficante e empresário citado na Lava Jato
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Mais caneladas do que propostas. Durante duas horas, os candidatos ao governo do Rio de Janeiro Eduardo Paes (DEM) e Wilson Witzel (PSC) participaram de um debate promovido, ontem, pelo “O Globo”, e voltaram a trocar farpas. Paes chamou Witzel de “genérico” dos juízes federais Sérgio Moro e Marcelo Bretas, da Lava Jato, e o acusou de explorar vinculação com o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) para angariar votos. Witzel respondeu reafirmando seu alinhamento a Bolsonaro e disse que tem como proposta criar mais clubes de tiro no Rio. “Em quem você vota para presidente? Eu voto em Jair Bolsonaro”, provocou o candidato do PSC. “Não importa se Jair Bolsonaro está neutro (na eleição estadual) ou não. Estamos alinhados. Vamos trabalhar para ter mais clubes de tiros para apoiar a revisão do Estatuto do Desarmamento, e vamos ter mais escolas militares”, afirmou Witzel, depois de instar Paes a declarar seu voto para presidente. Paes repetiu que entre Bolsonaro e o petista Fernando Haddad, se coloca neutro e disse que o rival é um desconhecido. “O Bolsonaro todo mundo conhece. Você ninguém conhece. Um candidato a governador do Estado do Rio que tem sua grande proposta para se equiparar ao Bolsonaro é ter clube de tiro... Isso não é a proposta principal do Bolsonaro. Essa escada que você usa, esse guarda-chuva do Bolsonaro, é muito perigosa. Você é um genérico do Bretas e do Moro. Fica o tempo todo se protegendo. Não é o Bolsonaro que vai segurar a caneta no Rio no dia 1º de janeiro de 2019. Eu me dou muito bem com ele. E outro dia o Bolsonaro não sabia nem quem era você”, criticou o ex-prefeito da capital.

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Paes questionou relação de Witzel com advogado de traficante e empresário citado na Lava Jato (Foto: Reproduções/O Globo)

No primeiro bloco, os candidatos fizeram perguntas entre si. Paes abriu a rodada questionando a capacidade do adversário de enfrentar o crime organizado, “uma vez que quando teve oportunidade, fugiu”, referindo-se ao fato do ex-juiz ter se mudado do Espírito Santo para o Rio de Janeiro por conta de ameaças que, como já contou, recebeu quando atuava como juiz criminal. Em resposta, Witzel afirmou que o Espírito Santo “é um estado violento com políticos, como aqui (no Rio de Janeiro) envolvidos com o crime organizado”. Segundo ele, antes de se transferir trabalhou por dois anos no estado, na vara de execução fiscal.

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Witzel devolveu provocações dizendo que ex-prefeito concorre com liminar (Foto: Reproduções/O Globo)

Paes aproveitou a oportunidade para perguntar para Witzel sobre seu relacionamento com Luiz Carlos Azenha (condenado a dois anos de reclusão em regime aberto por corrupção ativa e por ter escondido o traficante Nem na mala de um carro, durante sua fuga da Rocinha). Segundo o candidato do DEM, há várias fotos que mostram Witzel e Azenha “na intimidade, tomando chopinho”. O candidato do PSC afirmou que Azenha foi seu aluno, não faz parte da sua campanha, “é um eleitor, mais um admirador” e alfinetou Paes dizendo não ter “presidiário de estimação”, fazendo referência ao ex-governador Sérgio Cabral.

O candidato do DEM também pediu para que Witzel esclarecesse sobre o papel, na sua campanha, de Mário Peixoto (empresário envolvido em esquema de corrupção, sócio do presidente afastado da Alerj, Jorge Picciani). O adversário informou que Peixoto “contribuiu com ideias para a campanha”, ao que Paes rebateu dizendo que um sócio de Witzel, (o advogado) Lucas Tristão, já foi representante legal de Mário Peixoto.

No segundo bloco, a “neutralidade” do candidato do DEM foi mais uma vez posta a prova. O jornalista Lauro Jardim, de “O Globo”, perguntou com qual programa de governo, se de Fernando Haddad (PT) ou Jair Bolsonaro, ele mais se identificava. Venceu Bolsonaro. Paes disse ter mais identidade com a agenda do candidato do PSL tanto para segurança pública quanto para economia, “que é mais liberal, mais favorável a concessões e PPPs”. Nessa rodada, com perguntas feitas por jornalistas convidados, Witzel expôs suas propostas para segurança e afirmou que sua prioridade será a investigação da lavagem de dinheiro para “tirar os executivos do crime” da atividade. Prometeu implantar em todo o estado a vigilância eletrônica e criar o Comunidade Cidade, a começar pela Rocinha — um programa que prevê a abertura de ruas nas comunidades para facilitar o acesso de segurança e serviços.

No terceiro bloco, os candidatos voltaram a fazer perguntas entre si e as “caneladas” voltaram. Paes questionou a ética de Witzel. Citou um vídeo em que o ex-juiz ensina para colegas uma “engenharia” para obter uma gratificação; lembrou que ele recebia auxílio-moradia mesmo tendo residência na cidade, que não pagou IPTU nem declarou duas empresas de sua propriedade e que, apesar de ter trabalhado em uma vara para combate à sonegação, “foi executado por não pagar um empréstimo à ex-sogra”. Witzel rebateu dizendo que tinha currículo, enquanto seu opositor tem “antecedentes criminais”. Afirmou que Paes responde a dois inquéritos por corrupção e lavagem de dinheiro e que está disputando a eleição graças a uma liminar. “Sua folha de antecedentes criminais é extensa, a minha é zero”, afirmou Witzel.

No final, o tom das acusações subiu ainda mais quando Witzel “colocou na roda” o prefeito Marcelo Crivella, que teria denunciado obras inacabadas na gestão do ex-prefeito Eduardo Paes. O candidato do DEM afirmou que as críticas ficam por conta do apoio do prefeito ao candidato do PSC, apoio este que Witzel disse desconhecer. Paes pediu que seu adversário avaliasse a gestão de Crivella — o vice na chapa de Witzel, o vereador Claudio Castro, votou favorável ao impeachment do prefeito. “Nunca dividi guardanapo com (Sérgio) Cabral”, foi a resposta do ex-juiz. “É fato inequívoco o superfaturamento do BRT. Cabral pede votos para você de dentro da penitenciária e você botou dinheiro na campanha do filho dele e da filha do Eduardo Cunha. Você deixou a prefeitura destruída”. “Um sujeito que anda com o (Luiz Carlos) Azenha e não explica as relações que tem como Mario Peixoto”, disse Paes. “Estou disputando o segundo turno com alguém que ninguém conhece. Não sou réu, estou na vida pública há 25 anos. Os vídeos que estão circulando revelam os traços do verdadeiro Witzel. As pessoas precisam te conhecer”.

Com Estadão Conteúdo

Reproduções/O Globo - Witzel devolveu provocações dizendo que ex-prefeito concorre com liminar
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debate | elétrico | pa | rio | witzel