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Folia traz balanço positivo

Governos estadual e municipal comemoram os resultados da organização; Monobloco faz homenagem ao Dia das Mulheres

Jorge Hely/AE -
Com fantasia e muita representatividade, o tradicional Monobloco, pela 19ª vez seguida, anima os foliões, encerrando o carnaval de 2019, ontem, no Centro do Rio de Janeiro
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Se tem quem discorde da crença popular que diz que o ano só começa após o Carnaval, na prefeitura e no governo do Rio de Janeiro pelo menos podem dizer que hoje inicia-se um novo tempo. Ontem, com o término oficial da folia, órgãos dos governos divulgaram os números expressivos que atingiram durante os dias de festa. Até mesmo quem já declarou não ter simpatia com o evento, como o prefeito Marcelo Crivella, exaltou os recordes batidos e os efeitos na economia local.

A começar pela receita gerada: foram R$ 3,78 bilhões, crescimento de 26% relacionado ao ano anterior, quando a arrecadação ficou em R$ 3 bilhões. Essa receita oxigenou a economia nos setores de comércio, serviços e hotelaria, transformando-se em trabalho e renda para o carioca. Os blocos lotados foram reflexos da alta no turismo. Dados da Riotur mostram que o fluxo de turistas cresceu em 8%: de um 1,5 milhão em 2018 para 1,62 milhão em 2019. Isso refletiu diretamente no tempo de permanência dos visitantes na cidade, que foi de sete a 11 dias agora, contra seis a oito no ano passado. Segundo a Associação Brasileira de Hotéis (ABIH), a ocupação hoteleira teve mais de 90% de taxa de ocupação.

Macaque in the trees
Desfile do Monobloco na Avenida Antônio Carlos no Rio de Janeiro (RJ), neste domingo (10). (Foto: Lucas Rezende/AE)

Se na apuração das escolas os jurados não deixavam passar nada, a Secretaria Municipal da Fazenda realizou um pente fino nas ruas. Até o último sábado (9) foram apreendidos mais de 8.500 itens irregulares, como alimentos e produtos vendidos sem autorização. Só no Bloco das Poderosas, liderado pela cantora Anitta, que arrastou 420 mil pessoas, foram 1.500 materiais recolhidos pelos agentes da Coordenadoria de Controle Urbano e encaminhados para o depósito da prefeitura, só podendo ser liberado com apresentação da nota fiscal.

Na área da saúde foi batido outro recorde: o Hemorio recebeu mais de 7,5 mil bolsas de sangue, maior marca da entidade nos últimos 13 anos. Esse número ultrapassou a meta de captação, que queria ao menos impedir a tradicional queda de 30% das doações no período.

Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, essa ação tem o potencial de salvar mais de 30 mil pessoas. O governo estadual também destacou que foram distribuídas 3,4 milhões de camisinhas. A prevenção era uma das maiores prioridades no governo depois que o Ministério da Saúde divulgou que o número de casos de HIV entre os jovens de 15 a 24 anos cresceu aproximadamente 700% em 2018. Em sua rede social, o governador Wilson Witzel comemorou o que considerou "um carnaval mais consciente e seguro para todos".

A Secretaria Municipal de Saúde também divulgou os dados sobre atendimento hospitalar feito no Sambódromo. Foram realizados 1.458 atendimentos médicos nos sete postos da Passarela, uma diminuição em 22,3% do número de pessoas indo para o hospital. A SMS fez uma verdadeira operação, com instalação de quatro postos no circuito de blocos para dar assistência aos foliões do Centro, Ipanema e Copacabana. Desde o início do carnaval, 721 pessoas precisaram de cuidados dos profissionais de saúde. Desses, 78 tiveram que ser transferidos para hospitais da rede municipal.

Infelizmente, no Carnaval também houve recordes negativos. A Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) retirou, desde o pré-Carnaval até a Quarta-Feira de Cinzas, mais de 700 toneladas de lixo. Desse total, quase 300 toneladas foram durante os quatro dias de desfiles na Sapucaí. Durante os blocos, a equipe do Lixo Zero multou 963 pessoas desde o 16 de fevereiro até 6 de março. Durantes as chuvas no período, garis tiveram que trabalhar em estado de emergência. As equipes tiveram que atuar em praticamente todos os bairros do Rio para evitar que o lixo acumulado obstruísse a tubulação de esgoto.

A crítica à sociedade deu o tom nesse carnaval e, no último dia, não podia ser diferente. Arrastando uma multidão, o Monobloco, que saiu pela 19ª vez nas ruas do Rio de Janeiro e embalado pelo clima de manifestação do Dia Internacional das Mulheres, marchou com o tema "Homenagem às Mulheres da Música Brasileira", apresentando repertório de cantoras como Cássia Eller, Elza Soares, Iza, Ivete Sangalo e Daniela Mercury. Não ficando só na play list, a organização deu aula de representatividade: eram 114 mulheres do total de 190 ritmistas da bateria.

Lucas Rezende/AE - Desfile do Monobloco na Avenida Antônio Carlos no Rio de Janeiro (RJ), neste domingo (10).