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Vistoria no Hospital de Bonsucesso

Cremerj fará fiscalização para avaliar se setor de emergência necessita de interdição ética

Tomaz Silva/Agência Brasil -
Fachada do Hospital Federal de Bonsucesso: a equipe de 75 médicos deveria ser pelo menos duas vezes maior, segundo o chefe da emergência, Julio Noronha
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A emergência do Hospital Federal de Bonsucesso passará por uma vistoria do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), que decidirá se o setor deve sofrer uma interdição ética. A data e o horário da fiscalização não podem ser divulgados. A medida foi solicitada na semana passada pelo próprio chefe da emergência, Julio Noronha, que alega haver déficit de pessoal e superlotação na unidade.

Em nota, o Cremerj afirmou que o agendamento da fiscalização terá prioridade máxima. "Caso as irregularidades denunciadas sejam confirmadas durante a vistoria, a interdição ética torna-se uma realidade", diz o texto datado de segunda-feira, dia 4.

Segundo o chefe da emergência, a equipe de 75 médicos deveria ser pelo menos duas vezes maior, e as salas vermelha e amarela do hospital foram inauguradas sem profissionais para conduzi-las. "É uma situação em que não podemos continuar a funcionar", disse Noronha.

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Fachada do Hospital Federal de Bonsucesso: a equipe de 75 médicos deveria ser pelo menos duas vezes maior, segundo o chefe da emergência, Julio Noronha (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

O médico informou que o hospital vem realizando atendimentos que deveriam ser cobertos pelas redes municipais do Rio e da Baixada Fluminense, e pela rede estadual. Com uma equipe considerada reduzida por Noronha, a emergência compete pelos 280 leitos com atendimentos ambulatoriais de alta complexidade que são realizados no hospital.

Além da contratação de mais profissionais nesse período, o chefe da emergência espera que o pedido de interdição provoque uma reorganização na entrada e saída de pacientes do hospital, já que também há dificuldades para transferir pacientes atendidos no hospital para outras unidades de saúde que atendem casos de menor complexidade.

Em nota, o Departamento de Gestão Hospitalar (DGH) do Ministério da Saúde, responsável pela coordenação e integração dos seis hospitais federais no Rio de Janeiro, diz que não foi informado oficialmente sobre o suposto fechamento do setor de emergência do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB).

"Cabe ressaltar, inclusive, que quem responde por decisões do HFB é o seu atual diretor, Paulo Roberto Cotrim de Souza", acrescenta a nota.

Em uma reunião realizada na semana passada, na sede do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, o DGH orientou a direção do Hospital Federal de Bonsucesso a tomar providências gerenciais imediatas para solucionar o problema de sobrecarga da emergência, como o melhor aproveitamento dos leitos vagos de internação nas diversas enfermarias do hospital. "Vários desses leitos podem ser ocupados por pacientes que se encontram na emergência, desafogando o setor", afirma o ministério.

O Departamento de Gestão Hospitalar acrescentou que a emergência dos hospitais federais do Andaraí, Bonsucesso e Cardoso Fontes receberão atenção especial no conjunto de ações anunciadas em 23 de janeiro para melhorar o atendimento nas unidades federais.

Consultores dos hospitais Sírio-Libanês, Albert Einstein, Alemão Oswaldo Cruz e do Coração, em São Paulo, e Moinhos de Vento, em Porto Alegre, estão atuando dentro dessas unidades para avaliar e recapacitar as equipes.

A situação das hospitais federais do Rio de Janeiro foi discutida pelos ministros da Saúde, Henrique Mandetta, e da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno. Eles vieram ao Rio para participar do Comitê de Governança da Ação Integrada dos Hospitais Federais do município. Diretores de hospitais de excelência do país e das seis unidades federais do Rio também participaram do encontro na semana passada. (Agência Brasil)