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Peixe tenta "sair" da água contaminada do Rio Estrela

Reprodução -
Peixe tenta sair da água contaminada pelo óleo na Baía de Guanabara
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Pescadores filmaram na tarde desta segunda-feira (10) um peixe tentando "deixar" a água contaminada pelo óleo na altura da foz do Rio Estrela. 

 A Transpetro, em nota, disse que 60 mil litros de óleo “atingiram o Rio Estrela e a Baía de Guanabara”. A empresa de transporte e a logística de combustível da Petrobras atribui o vazamento a “um furto de petróleo ocorrido no último sábado à tarde”. E afirmou ainda que metade do óleo despejado já fora recolhido.

De acordo com Jan Theophilo, colunista do INFORME JB, O Ministério Público Federal tem "semi-pronta" uma ação civil para responsabilizar a Petrobras e a Transpetro por acidentes ambientais na Baía de Guanabara. É que após o acidente de 2000, a Justiça exigiu das empresas dois Termos de Ajuste de Conduta para regularizar as instalações da Refinaria Duque de Caxias e fazer os reparos necessários após o incidente. 

Logo após sobrevoar ontem o local do desastre em um helicóptero do Grupamento Aeromóvel da Polícia Militar, o chefe da Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapimirim, Maurício Muniz, afirmou que o vazamento do oleoduto da Transpetro é de “grandes proporções, talvez o maior do Rio nos últimos anos”, afirmou Muniz. “O vazamento veio descendo pelo rio, chegou na região de Magé e já se estende até próximo à Ilha de Paquetá”, a pouco mais de 13 km de distância.”

A própria nota do Inea põe em xeque o parecer da Transpetro. “Segundo informações da empresa, a causa do acidente foi um desvio clandestino em função de uma tentativa de furto do produto, e o volume total vazado entre o momento da detecção (aproximadamente 15/16h), e o momento que foi interrompido (1h da manhã) teria sido de cerca de 60 m3. Essas informações ainda serão avaliadas pela equipe técnica do Inea após a verificação de uma série de fatores. Somente após esse procedimento é que o Inea poderá informar e estipular o valor da multa a ser aplicada”.

Em entrevista ao JORNAL DO BRASIL, Marcos Lima, presidente do Inea, disse que o instituto notificou ontem mesmo a Petrobras, exigindo que a empresa aumentasse o número de embarcações de 12 para 20”, disse Lima. A Transpreto, por sua vez, enfatizou sua operação para conter o vazamento. “350 profissionais, 24.600 metros de barreiras absorventes e de contenção, 12 caminhões, 12 embarcações de apoio, uma aeronave, 3 drones”.

Funcionária do Inea, a bióloga Vânia Cardoso foi acompanhar os trabalhos e contenção do óleo vazado do duto da Petrobras. “O vazamento começou a 200 metros da margem do Rio Estrela, e o óleo chegou ao rio já devastando o mangue desse corpo hídrico e chegando à Baía de Guanabara”, disse a bióloga, acentuando que quem perfurou o duto cavou um buraco de pelo menos três metros na terra.

Transpetro já recolheu 45 mil litros de óleo que vazou de seu duto

Pelo menos 45 mil litros de óleo (de um total de 60 mil vazados no fim de semana) já foram recolhidos por equipes de emergência que trabalham na Baía de Guanabara, no Rio, desde sábado. O duto onde ocorreu o vazamento de petróleo cru já foi reparado e voltou a operar normalmente no domingo. As informações são da Transpetro, o braço de transportes da Petrobras, responsável pelas operações no local.

Em nota, a área técnica do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) informou que "por se tratar de área de manguezais, considerada sensível, é necessária a ação natural das águas para dispersar o óleo que atingiu a vegetação e que, posteriormente, será recolhido ou absorvido". Segundo os especialistas, outras condições poderiam aumentar o impacto ambiental. "Se houver chuva na região, a resposta à emergência será favorecida", informou a nota.

O Ibama informou ainda que, até o momento, não houve registro de animais atingidos pelo óleo. Uma equipe do instituto, no entanto, está em deslocamento até o local mais atingido - que é de difícil acesso - para a realização de uma vistoria técnica.

Ao todo, estão mobilizados na região 413 profissionais, 24.600 metros de barreiras absorventes e de contenção, 19 caminhões, 22 embarcações de apoio, uma aeronave e três drones. A Transpetro informou em nota que, num sobrevoo à região no domingo, constatou apenas vestígios de óleo na foz e nas margens do rio Estrela.

O vazamento de óleo que começou no sábado teria sido causado por uma tentativa de furto de petróleo - prática cada vez mais comum na região. Segundo o Inea, no entanto, isso não exime a Transpetro de responsabilidade pelo ocorrido.