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Patrulha atrás do Pau-Brasil

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A Patrulha Ambiental da subsecretaria municipal de Meio Ambiente vai fazer uma vistoria hoje no número 175 da Avenida Oswaldo Cruz, em Botafogo, na Zona Sul, após a denúncia publicada, ontem, pelo JORNAL DO BRASIL de que no endereço onde mora o comandante geral da Polícia Militar, coronel Luis Claudio Laviano, foi feita a poda radical de um pau-brasil — maior do que a própria casa — que deixou apenas o toco da árvore. Os galhos permaneceram dias abandonados na Travessa Acaraí, na parede lateral da residência. Na segunda-feira, a Fundação Parques e Jardins informou não ter recebido nenhum pedido de autorização para a realização do procedimento.

O JB voltou a procurar a assessoria da PM e não teve retorno. Para a presidente da Associação de Moradores de Botafogo, Regina Chiaradia, as podas realizadas na cidade não seguem nenhum critério. “Não sei se foi o caso, mas podam a árvore quando está entrando em casa, quando as raízes abalam a estrutura do imóvel ou se ela permite que bichos entrem nas residências. E acabam assassinando as árvores, com critério zero”, lamenta. Como o proprietário da casa não retornou aos contatos do JB, não foi possível descobrir que motivos o levaram a cometer esta suspeita de crime ambiental.

É impossível saber a idade do pau-brasil abatido, entretanto, é bem conhecida a lentidão da espécie para crescer. Aquela que deu início à atividade econômica no país e hoje é uma árvore rara, em extinção, ocupou o Brasil da orla do Rio Grande do Norte ao Rio de Janeiro, na divisa com São Paulo, existente nessa faixa de terra e entre 30km a 40km para o interior do país.

Segundo Fábio Faraco, diretor do Parque Nacional do Pau-Brasil, na Bahia, um dos mais antigos exemplares do Rio de Janeiro, do período pré-cabralino, está na Pista Cláudio Coutinho, na Praia Vermelha, Zona Sul da cidade. Persistem ainda exemplares isolados, anteriores à chegada dos europeus, no Maciço da Tijuca e em Cabo Frio, na Região dos Lagos.

As maiores concentrações da espécie estão, contudo, no Parque Nacional do Pau-Brasil, em Porto Seguro, no sul da Bahia, onde ocupam 6 mil dos 19 mil hectares da reserva. “Nesse conjunto, é possível encontrar árvores com mais de 1.500 anos, com 3 metros de diâmetro e mais de 40 metros de altura. São exemplares gigantescos, totalmente diferentes das árvores que podem ser encontradas nas praças de Porto Seguro, por exemplo”, compara Faraco. Segundo ele, apesar de serem símbolos nacionais, nas áreas urbanas elas estão sujeitas aos códigos municipais. “Hoje, o uso econômico é voltado à produção de arcos de violinos”, explica.