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PGR rastreou suposto pagamento a Pezão

Assessor de governador teria recebido R$ 3 milhões de corretora

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A Procuradoria-Geral da República (PGR) obteve registros de telefonemas e do conteúdo de parte deles que teriam permitido o rastreamento da entrega de propina paga pela Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio ( Fetranspor) ao governador Luiz Fernando Pezão (MDB), preso na manhã de quinta-feira na Operação Boca de Lobo. A informação foi publicada, ontem, no site do jornal “O Globo”.

De acordo com o jornal, os pagamentos teriam sido feitos em dinheiro vivo pelo doleiro Álvaro Novis, proprietário da Hoya Corretora, a Luiz Carlos Vidal Barroso, o Luizinho, assessor de confiança do governador.

Os investigadores usaram serviços de geolocalização dos aparelhos de celular para comprovar que Luizinho esteve com um emissário da Fetranspor para receber R$ 3 milhões e, no outro dia, foi até Pezão. O dinheiro seria parte de um total de R$ 11 milhões.

O advogado Flávio Mirza, que defende o governador, afirmou que “o governador nega, veementemente, o recebimento de propina”, enquanto Lélis Teixeira, que fazia a defesa do presidente da Fetranspor no período, alegou que “desconhece qualquer eventual repasse de valores da Fetranspor em favor do governador Pezão”. Em comunicado, a Fetranspor disse que não teria como avaliar a denúncia, porque não teve acesso à delação: “A Fetranspor não teve acesso ao teor da referida delação. Dessa forma, não tem subsídios para tecer comentários. A federação segue permanentemente à disposição das autoridades para prestar todo e qualquer esclarecimento que se faça necessário”.

A denúncia veio à tona com a delação da Novis, que entregou à Justiça gravações de conversas entre seus subordinados e Luizinho. “As investigações também revelaram que no dia posterior ao repasse dos R$ 3 milhões, Luizinho encontrou-se com o governador Luiz Fernando Pezão para entregar o dinheiro”, relatou a PGR no pedido de prisão preventiva, mantido sob sigilo e obtido pelo “Globo”.

Apesar de Luisinho ter se encontrado com o governador no dia seguinte ao do recebimento da propina, o relatório não cita provas de que houve repasse a Pezão.

O episódio teria ocorrido entre os dias 31 de julho e 2 de agosto de 2014. Luizinho recebeu uma ligação de um funcionário da Hoya, que pediu para agendar um encontro pessoal entre o assessor de Pezão e Álvaro Novis, para que fossem acertada a entrega da propina: “Precisava bater um papo pra ajeitar! Porque tem coisas que eu tenho que resolver... Documentação pra te entregar e o chefe quer ver com você como é que... a melhor forma de fazer. Pra ele pegar essa semana ainda! Amanhã que é sexta, entendeu?”, diz o funcionário a Luizinho num dos trechos gravados.