Um ato em homenagem à vereadora Marielle Franco (PSOL), morta a tiros em 14 de março com seu motorista Anderson Gomes em crime até hoje não esclarecido, distribuiu mil placas com o nome da parlamentar ontem, na Cinelândia. Foi um protesto contra a destruição da placa com o nome de Marielle por dois então candidatos do PSL, no primeiro turno da campanha eleitoral, Rodrigo Amorim e Daniel Silveira, ambos eleitos. Durante a homenagem, houve protesto contra o presidenciável Jair Bolsonaro, do mesmo partido dos deputados e gritos de apoio a seu oponente, Fernando Haddad (PT). Apesar da distribuição, os manifestantes foram instruídos a não pendurar as placas nas ruas e a guardá-las “como memória”. Em uma hora, as placas acabaram.
À manifestação, foram a viúva de Marielle, Mônica Benício, e os pais da vereadora, Marinete da Silva e Antonio Francisco da Silva Neto. Também participaram parlamentares como os deputados Marcelo Freixo (estadual) e Jandira Feghali (federal).
A placa-homenagem original foi quebrada pelos então candidatos Rodrigo Amorim (a deputado estadual) e Daniel Oliveira (a deputado federal). Eles alegaram que a tabuleta fora instalada ilegalmente sobre a inscrição original - Praça Floriano (nome oficial da Cinelândia). Toda a ação foi registrada nas redes sociais.
O ato foi a segunda homenagem a Marielle nos últimos dois dias no Rio de Janeiro. Na madrugada de ontem, a Estação Primeira de Mangueira escolheu o samba-enredo “História para ninar gente grande”, para o carnaval de 2019. O enredo, de autoria do carnavalesco Leandro Vieira, se propõe a contar a história do Brasil e citará a vereadora.
A composição é de Deivid Domênico, Tomaz Miranda, Mama, Marcio Bola, Ronie Oliveira e Danilo Firmino. Em rede social, Tomaz celebrou a vitória na disputa, que teve mais dois concorrentes. “Pela memória de Marielle e Anderson Gomes e toda a luta que ainda virá. São verde e rosa as multidões”, escreveu, em referência às cores da Mangueira.
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Samba-enredo
“Brasil, meu nego deixa eu te contar
A história que a história não conta
O avesso do mesmo lugar
Na luta é que a gente se encontra.
Brasil, meu dengo, a Mangueira, chegou
Com versos que o livro apagou
Desde 1500, tem mais invasão do que descobrimento
Tem sangue retinto pisado
Atrás do herói emoldurado
Mulheres, tamoios, mulatos
Eu quero o país que não tá no retrato
Brasil, o teu nome é Dandara
Tua cara é de Cariri
Não veio do céu nem das mãos de Isabel
A liberdade é um dragão no mar de Aracati
Salve os caboclos de julho
Quem foi de aço nos anos de chumbo
Brasil chegou a vez de ouvir as Marias, Mahins, Marielles e malês
Mangueira, tira a poeira dos porões
Ô, abre alas
Pros seus heróis de barracões
Dos Brasis que se faz um país de Lecis, Jamelões
São verde e rosa as multidões”