Enquanto Papai Noel não passa aqui na Praça da Cruz Vermelha, a dona Del (voluntária) vem nos ajudar com comida Paulo Rober to, morador de rua “ No Centro Espírita Maria Angélica (Cema), no Recreio dos Bandeirantes, uma tradicional carreata leva, todo o dia 24 de dezembro, refeições, frutas e panetones para os mais necessitados que vivem não só no Recreio, mas também na Barra da Tijuca e em Jacarepaguá.
– Cada voluntário fica responsável por preparar um número de refeições. Eles recebem os isopores e fazem o risoto em casa. Depois, trazem as quentinhas para a distribuição na manhã da véspera de Natal – explica o empresário Can Robert, 52 anos, integrante do grupo há 12.
De posse de 360 quentinhas divididas em 30 isopores, o exército de colaboradores segue em frente.
– O mais importante é não olhar para a população de rua com simplismo. São pessoas diferentes, com histórias diferentes, que estão na rua por motivos dos mais diversos – diz Can.
A 39 quilômetros do Cema, na Praça da Cruz Vermelha, na Lapa, a ex-gerente de loja Delclemis Ferraz, 50 anos, já está cercada de mais de 100 moradores de rua. Os alimentos que ela prepara e distribui há 18 anos são doados por quatro restaurantes da região.
– Enquanto Papai Noel não passa aqui na Praça da Cruz Vermelha, a dona Del vem nos ajudar – comemora o morador de rua Paulo Roberto. – Ela sempre faz uma festa de Natal para a gente com direito a bastante cachorro quente e panetone. E ainda tem a sopa.
Botafogo Na Zona Sul, a benesse fica por conta do Dispensário dos Pobres da Imaculada Conceição, na Rua Muniz Barreto, em Botafogo. Lá, desde 1980, três irmãs de caridade organizam as comemorações e distribuição de presentes para 150 moradores de rua. Os alimentos chegam à obra social levados por quem vive no Leme, Copacabana, Ipanema e Leblon.
– Através do carinho que temos com cada um deles, principalmente nesta época do ano, conseguimos convencer muitos a voltar para casa – orgulha-se a irmã Maria da Silva, 70 anos. – Outros, de tanto ouvir falar de nós, procuram ajuda para libertar-se do ví cio das drogas e, principalmente, do álcool.
Três dias antes da noite de Natal, uma grande festa foi organizada para os acolhidos do dispensário.
– Para arrecadar fundos e pagar as refeições, mantemos um bazar – explica. – Apesar de no Natal a comida ser especial, servimos alimentos para os mais necessitados o ano inteiro, e o preparo de comida chega a 45 quilos diariamente.
Para a voluntária da Lapa, Delclemes, a depressão de muitos moradores de rua aumenta neste período do ano.
– Muitos deles não podem voltar para suas casas e a família também não tem nenhum interesse em recebê-los – conta. – Acredito na reinserção social de todos, e faço a minha parte. Já vi muita gente se regenerar nestes 18 anos de trabalho na rua.