Poucos aderiram à ordem de rendição dada pelas forças de segurança e agora a invasão do complexo de favelas do Alemão (Zona Norte do Rio) pode acontecer a qualquer momento. Debaixo de intenso confronto armado entre policiais e cerca de 600 bandidos, pelo menos 30 acusados de envolvimento com o tráfico de drogas foram surgindo da Rua Júlio de Queiróz, principal acesso à Favela da Grota, durante a tarde. -->– Acredito que a invasão não passa desta segunda-feira – opinou o antropólogo e ex-instrutor de tiro do Batalhão de Operações Especiais, Paulo Storani. – É difícil para a polícia manter todos os homens nessa empreitada por mais tempo. Eles estão sem folga, com férias suspensas, não há mais como retardar a i nva s ã o. -->Alguns dos bandidos tenta ram em vão se passar por moradores inocentes para deixar a favela. Um deles saiu com uma bandeira branca na mão e ia entrar numa van quando foi reconhecido por policiais. -->Diego Raimundo da Silva dos Santos, o Mister M, homem de confiança de Fabiano Atanásio da Silva, líder da facção criminosa que domina o complexo e Piloto, motorista do bando; além de Chupetinha e Playboy, ligados a Fernandinho Beira-Mar. -->Dois helicópteros blindados da PM sobrevoaram as favelas durante toda a tarde, mapeando a posição dos traficantes. -->– Nós temos vantagem sobre os bandidos. Eles estão sem água e muito estressados – advertia o porta-voz na Polícia Militar, coronel Lima Castro. -->Para o coordenador do grupo Afro Reggae, José Junior, que chegou cedo à Grota para pedir a rendição dos bandidos, não há interesse de novos confrontos por parte dos criminosos: – Ninguém está com vontade de partir pra cima e a famosa marra eu não vi. -->Em menos de duas horas, um dos microônibus, com 24 lugares, teve 17 deles preenchidos por suspeitos. Dos bancos muitos jovens gritavam que não tinham envolvimento com o tráfico de drogas. Outros, calados e algemados, limitavam-se a baixar a cabeça. -->Na subida do morro, uma criança e um adolescente hastearam uma bandeira com pedido de Paz. -->– Estamos dando a última chance, se os bandidos não quiserem aproveitar, problema deles – informou o tenente coronel Waldir Soares, comandante do Batalhão de Choque.