Os filmes em terceira dimensão deixaram de ser novidade e passaram a ser percebidos por muita gente como uma estratégia caça-níquel.
Isso porque o espectador recebe poucos benefícios visuais e, em contrapartida, paga um ingresso mais caro.
O diretor Michael Bay bem que tentou evitar o uso da tecnologia, mas o produtor Steven Spielberg o convenceu do contrário. E não é que valeu? Num típico caso de que há males que vem para o bem, o resultado ficou melhor do que se esperava. E não só pelos (ótimos) efeitos especiais, mas pela redução da velocidade necessária para explorá-los.
Para ilustrar melhor, basta lembrar que o filme anterior, com os mesmos personagens, era um desconforto só, por conta das informações vazias em ritmo alucinante, e pelas imagens que se sobrepunham em mais de duas horas da projeção. Agora, o espectador ainda verá um filme mais longo do que devia (passa de duas horas e meia), mas está longe de se sentir amassado na poltrona, porque o 3D segurou a correria para fazer efeito e isso faz muita diferença.
Na história, os vilões (Decepticons) aguardavam a hora certa para invadir e transformar (com trocadilho) o planeta Terra em seu lar, mas não imaginavam que o jovem Sam (Shia LaBeouf) e os Autobots, amigos dos humanos, poderiam impedir esse novo plano, que tem alguma coisa do Cavalo de Tróia. Adicionando um pouco de conteúdo verdadeiro à ficção, o roteiro volta ao passado, quando o homem pisou na Lua, e apresenta uma aventura estimulante.
Cheio de referências cinematográficas, como Guerra nas estrelas, Terremoto, Predador e Titanic, esse longa diverte mais. E o humor, aliás, está mais afiado, sem robozinhos tarados, um texto menos bobo e duas curtições sacanas com Megan Fox, atriz dos dois filmes anteriores, demitida por ter falado mal do diretor.
Com um elenco de peso (John Turturro e John Malkovich) cumprindo bem o protocolo e o de apoio concluindo a missão, o destaque vai para a modelete Rosie Huntington-Whiteley, que preencheu a cota sensual feminina, sem ser apelativa, como acontecia com a estrela anterior. Os mais atentos perceberão no título original (Transformers: The dark of the Moon) uma grande citação ao antológico The dark side of the Moon (1973), disco do Pink Floyd, citado em um dos diálogos. E a trilha, por sinal, é perfeita, fazendo de Transformers: O lado oculto da Lua entretenimento puro, com começo, meio, fim e, melhor de tudo, envolvente.
Lembre-se apenas de levar alguma coisa para comer. Não espere uma obra-prima, mas um filme fácil de entender porque, curiosamente, foi vítima de uma verdadeira lombada tridimensional. Cotação: ** (Bom)