POLÍTICA

Caciques do PL veem como inevitável a associação dos atos golpistas a Bolsonaro

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Por JORNAL DO BRASIL com Agência estado
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Publicado em 20/01/2023 às 14:00

Alterado em 20/01/2023 às 17:02

Cacique Bolsonaro Foto: reprodução de vídeo

Débora Álvares e Iander Porcella - Caciques do PL veem como "inevitável" a associação dos atos golpistas do dia 8 ao ex-presidente Jair Bolsonaro, apurou o Broadcast Político. A partir disso, a legenda tem feito movimentos para se distanciar do ex-chefe do Executivo. "Bolsonaro não é mais imprescindível" ao partido, disse à reportagem um importante interlocutor do presidente da sigla, Valdemar Costa Neto.

Integrantes da cúpula do PL disseram não esperar que o ex-presidente permaneça na legenda por muito tempo. Bolsonaro se filiou em novembro de 2021, depois de ter passado por outros oito partidos.Os políticos disseram ter recebido recados de insatisfação de Bolsonaro com deliberações e atitudes recentes da legenda. Vários movimentos contra os interesses do ex-chefe do Executivo já começaram a acontecer nos bastidores.

Um deles foi, por exemplo, a autorização, pelo dono da sigla, para que lideranças começassem a buscar aliados do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em busca de consenso caso o senador eleito Rogério Marinho (PL-RN), ex-ministro do Desenvolvimento Regional, seja derrotado na disputa ao Senado.

O PL pretende manter a candidatura de Marinho, mas até mesmo Costa Neto acredita ser muito difícil dissociar os atos antidemocráticos de 8 de janeiro do ex-ministro, conforme interlocutores do presidente da legenda que falaram com a reportagem.

Outro movimento foi a corrida ao Judiciário. Como já fez em outros momentos, Costa Neto foi a Moraes, responsável pelo inquérito que investiga os atos do dia 8, destacar sua discordância com a pauta golpista, destacaram fontes ao Broadcast Político. Outros integrantes da legenda o seguiram.

Alegando que suas contas estão bloqueadas pela Justiça Eleitoral, o PL também suspendeu promessas feitas a Bolsonaro, como o polpudo salário que Costa Neto lhe havia assegurado após a derrota nas urnas e também à esposa, Michelle, além do aluguel de uma mansão em um condomínio em Brasília.

 

Abandonado

Três pessoas próximas, que mantêm contato diário com o ex-presidente e com quem a reportagem tem conversado desde segunda, 16, afirmaram que Bolsonaro vem se sentindo "abandonado" e "desgastado". Eles negaram que o ex-presidente já tenha mencionado deixar o PL, mas disseram que, por seu histórico, "isso não é impossível", nas palavras de um deles.

A forma como Bolsonaro lidou com sua derrota vinha sendo alvo de críticas internas no PL desde o início e até mesmo entre militantes nas redes sociais. O silêncio ecoado gerou ainda mais indignação interna quando o ex-presidente, que havia prometido se portar como uma liderança da direita, decidiu deixar o país sem, sequer, seu mandato acabar. Em 30 de dezembro, ele partiu para os Estados Unidos, onde permanece até então, sem data prevista para retorno.

Como mostrou o Broadcast Político, a avaliação de ministros das Cortes Superiores é de cautela sobre o futuro de Bolsonaro. Mas já se dá como certo, nos bastidores, que o TSE dará celeridade a julgamentos e ele poderá ser tornado inelegível ainda este ano.

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