POLÍTICA
Bolsonaro reage à decisão do TSE de restringir celular na cabine de votação
Por POLÍTICA JB com Agência Estado
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Publicado em 25/08/2022 às 16:50
Alterado em 25/08/2022 às 18:40
Iander Porcella e Marcelo de Moraes - O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar os manifestos em defesa da democracia após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidir que mesários podem reter celulares dos eleitores no momento do voto para garantir o sigilo. O uso de equipamentos eletrônicos na cabine de votação é proibido por lei. “Respeitar a democracia é muito diferente de assinar uma ‘cartinha’”, escreveu o chefe do Executivo, no Twitter.
Como mostrou a coluna Jogo Político, aliados de Bolsonaro se irritaram com a decisão do TSE, que foi vista como mais um movimento de restrição imposto pelo presidente da Corte, o ministro Alexandre de Moraes. O Broadcast Político apurou que o tuíte do presidente é uma reação direta ao Tribunal e que a versão publicada na rede social é mais “light” que a original. Hoje, o magistrado e Bolsonaro devem se encontrar na posse da nova direção do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
As críticas de Bolsonaro ocorrem também dois dias após a Polícia Federal (PF) realizar uma operação contra empresários acusados de defender um golpe caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença as eleições em outubro.
Ontem, durante encontro com lideranças religiosas na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), em sua campanha pela reeleição, o presidente comentou pela primeira vez de forma pública a ação da PF. “Cadê aquela turminha da carta pela democracia?”, ironizou.
Hoje, no Twitter, Bolsonaro disse que ofender, ameaçar e “restringir o direito à liberdade” contrariam a Constituição. “Honrar a Constituição, em especial direitos e garantias fundamentais, é o que diferencia DEMOCRATAS de DEMAGOGOS”, escreveu. O presidente e seus apoiadores costumam dizer que o Supremo Tribunal Federal (STF) restringe liberdades com os inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos.
- Ofender, ameaçar e restringir o direito à liberdade, em suas várias vertentes, contraria a ÚNICA CARTA À DEMOCRACIA, a nossa Constituição de 1988.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) August 25, 2022
Na terça-feira, 23, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados a oito empresários que apoiam Bolsonaro. A operação ocorreu um dia após o chefe do Executivo dizer, em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, que o conflito com o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), estaria “superado”. Integrante do STF, Moraes foi quem autorizou a operação.
Os alvos da operação foram os empresários Luciano Hang, da Havan, José Isaac Peres, da rede de shopping Multiplan, Ivan Wrobel, da Construtora W3, José Koury, do Barra World Shopping, André Tissot, do Grupo Serra, Meyer Nigri, da Tecnisa, Marco Aurélio Raimundo, da Mormaii, e Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu. Em mensagens num grupo de WhatsApp, reveladas pelo site Metrópoles, eles defenderam um golpe caso Lula vença Bolsonaro em outubro.
“A agressão à liberdade de expressão (art. 5°, IX, e art. 220, §§ 1º e 2º, da CF) é típica daqueles que se dizem ESTADISTAS, mas posam ao lado de DITADORES, defendendo governos como os da NICARÁGUA, CUBA e VENEZUELA. Deus, Pátria, Família e Liberdade”, acrescentou o presidente no Twitter.