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Bolsonaro aposta em "cura milagrosa" para salvar o Brasil, e própria vida, da Covid-19

Reuters/Adriano Machado -
Bolsonaro usa máscara na porta do Alvorada
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O presidente Jair Bolsonaro defendeu nos últimos meses a hidroxicloroquina como a panaceia que ajudaria o Brasil a vencer a Covid-19 e deveria ser adotada pela população tanto para tratar a doença causada pelo novo coronavírus como para prevenção.

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Bolsonaro usa máscara na porta do Alvorada (Foto: Reuters/Adriano Machado)

Agora, o presidente está testando suas próprias convicções. Desde que anunciou ter contraído o novo coronavírus, Bolsonaro também disse ter usado a hidroxicloroquina, associada ao antibiótico azitromicina, como tratamento.

Ao anunciar o resultado positivo em entrevista televisionada na terça-feira, o presidente afirmou também que já havia tomado duas doses do medicamento. Mais tarde, postou um vídeo nas redes sociais tomando a terceira dose. “Eu confio na hidroxicloroquina, e você?”, disse.

A contaminação de Bolsonaro é um símbolo da resposta fracassada do governo à epidemia no país. Mais de 1,7 milhão de pessoas no Brasil testaram positivo para coronavírus e quase 68 mil morreram, um número que deixa o país apenas atrás dos Estados Unidos.

Crítico contundente das determinações de isolamento social e fechamento de negócios, Bolsonaro, de 65 anos, não deixou de fazer eventos, chegou a participar de várias manifestações a favor de seu governo, evitou usar máscaras o quanto pôde e minimizou por diversas vezes a epidemia, chegando a chamar a Covid-19 de “gripezinha”.

No seu manual de combate à epidemia, a hidroxicloroquina e a cloroquina se transformaram de tratamentos não comprovados em peça central.

Os dois medicamentos são usados há décadas para tratar a malária e doenças autoimunes. Alguns países autorizaram que os remédios fossem testados em pacientes com Covid-19, e determinados médicos chegaram a relatar resultados animadores.

No entanto, crescem as evidências de que esses medicamentos não beneficiam pacientes hospitalizados. A Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA, na sigla em inglês), por exemplo, revogou em junho sua autorização de uso emergencial da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19, informando que não era mais razoável acreditar que a hidroxicloroquina seria eficaz no tratamento de pacientes de Covid-19 hospitalizados. Na semana passada, a Organização Mundial de Saúde (OMS) suspendeu os testes com o medicamento, alegando que não há evidências de benefícios.

Bolsonaro não se abalou com as novas informações, mesmo as vindas dos Estados Unidos, que costuma seguir, e seguiu pressionando o Ministério da Saúde a expandir o acesso aos medicamentos. O resultado foi a queda de dois ministros da Saúde —Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich— que defendiam uma abordagem mais cautelosa.

Secretário-executivo de Teich, o general Eduardo Pazuello assumiu provisoriamente o cargo de ministro em 15 de maio —e lá permanece ainda hoje— com a função de levar adiante os desejos do presidente, e foi bem mais obediente. Sob sua vigilância, em poucos dias o ministério ampliou o acesso aos medicamentos no Sistema Único de Saúde (SUS), publicando um “guia” de uso para que possa ser prescrit0 a praticamente qualquer pessoa que tenha resultado positivo para coronavírus, inclusive mulheres grávidas e crianças com certas condições de saúde.

Para entender como e por que o governo Bolsonaro adotou essa estratégia pouco convencional, a Reuters entrevistou mais de duas dezenas de pessoas, incluindo autoridades de saúde atualmente envolvidas na resposta federal ou que já tiveram envolvimento, médicos, pesquisadores e especialistas em saúde pública. O que surgiu foi a imagem de um líder apavorado com os efeitos paralisantes na economia do isolamento imposto por governadores e prefeitos em todo o Brasil e ansioso por uma solução rápida para reabrir a economia.

Procurado, o Palácio do Planalto dirigiu as questões apresentadas pela reportagem ao Ministério da Saúde, que não respondeu até o momento.

Segundo uma dezena de fontes ouvidas pela Reuters, Bolsonaro foi inicialmente inspirado por seu ídolo político, o presidente dos EUA, Donald Trump, um dos primeiros defensores da hidroxicloroquina. Mas Bolsonaro foi muito mais longe do que seu colega norte-americano.

Dois dias depois de ouvir Trump defender o medicamento, Bolsonaro determinou aos laboratórios das Forças Armadas que aumentassem a produção de cloroquina, que era produzida em pequena escala para uso contra a malária. Foi a primeira medida presidencial contra a epidemia, mas o Ministério da Saúde não foi sequer informado da decisão.

Com as primeiras informações de que a cloroquina poderia ser útil, entidades públicas brasileiras, incluindo alguns governos estaduais e departamentos federais, foram ao mercado comprar os medicamentos. Até agora este ano, foram gastos 2,3 milhões de reais em hidroxicloroquina — um aumento de 6.592% em comparação com o valor total gasto em 2019, de acordo com uma análise da Reuters de dados do governo. Esses órgãos também gastaram 1,51 milhão de reais em cloroquina até agora em 2020, em comparação com 626.472 reais em 2019.

No centro de tudo isso está Bolsonaro.

Demitido em abril, Mandetta disse à Reuters que o apoio do presidente ao medicamento prejudicou os esforços para impor medidas de isolamento social e conter a propagação do vírus.

“Isso fez muitas pessoas acreditarem que a cura estava pronta, que já existia, que você não precisava se preocupar, que você poderia apenas tomar este medicamento que resolveria o problema”, disse Mandetta à Reuters.

Seu substituto, Nelson Teich, foi derrubado pela cloroquina. O ex-ministro, que pediu demissão com menos de um mês de trabalho, não respondeu aos pedidos de comentário da Reuters, mas desde que deixou o cargo, por mais de uma vez, disse publicamente que pediu demissão devido a desentendimentos com Bolsonaro, que o pressionava a ampliar o acesso às drogas hidroxicloroquina e cloroquina.

Quatro fontes ouvidas pela Reuters que acompanharam o processo revelaram que Teich esperava convencer Bolsonaro a esperar pelos resultados de um estudo acelerado de hidroxicloroquina, mas não conseguiu.

Marcia Castro, professora brasileira da Escola de Saúde Pública de Harvard, afirma que é uma estratégia “totalmente absurda” priorizar medicamentos não comprovados em vez de ferramentas confiáveis, como testes, rastreamento e distanciamento social.

“É uma situação profundamente lamentável e não é coincidência que agora tenhamos mais de 60.000 mortes”, disse.

“CURA MILAGROSA”

O interesse de Bolsonaro em hidroxicloroquina e cloroquina teve início com relatos da Ásia e da Europa sobre o potencial desses remédios para ajudar as vítimas de Covid-19, segundo seis pessoas que conversaram com a Reuters.

Em meados de fevereiro, a mídia estatal chinesa informou que as autoridades sanitárias do país “confirmaram” que a cloroquina “tem certo efeito curativo”. Naquela época, um microbiologista francês, Didier Raoult, também começou a elogiar as drogas.

A defesa de Raoult da hidroxicloroquina e cloroquina foi usada por blogueiros de direita e pensadores liberais. Então, em 19 de março, Trump entrou no debate. “Acho que poderia ser um divisor de águas”, disse Trump, que alega ter tomado a hidroxicloroquina como medida profilática.

Os comentários de Trump influenciaram particularmente o presidente brasileiro, que até ali tinha tratado da epidemia apenas para dizer que o país não poderia parar devido à doença.

Procurada, a Casa Branca apenas indicou a Reuters uma nota de 31 de maio em que informou sobre o envio de 2 milhões de doses de hidroxicloroquina como doação ao Brasil.

Bolsonaro havia se reunido com o líder dos EUA no início de março no resort de Trump de Mar-a-Lago, na Flórida, e vários integrantes da comitiva brasileira foram diagnosticados com Covid-19 em seu retorno.

“É a ideia de uma cura milagrosa”, disse um ex-ministro de Bolsonaro, que deixou o cargo recentemente, falando sob condição de anonimato. “(Bolsonaro) acredita nessas soluções mágicas. E também acho que, em parte, é para copiar Trump”.

A ordem para aumentar a produção do medicamento nos laboratórios das Forças Armadas veio em 21 de março, dois dias depois dos comentários de Trump. Seguindo essa diretiva, o Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército, localizado no Rio de Janeiro, fabricou 2,25 milhões de comprimidos de 150 miligramas de cloroquina, informou o Exército à Reuters.

Nos três anos anteriores, a produção total havia sido de 265.000 comprimidos, de acordo com dados obtidos através de uma solicitação registrada pelo deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) e visualizada pela Reuters.

Os militares não são estranhos à cloroquina. A razão pela qual os laboratórios militares usam o medicamento é evitar a malária nos postos e nas operações na Amazônia, onde a doença é endêmica. Atualmente, são os militares que ocupam uma parte considerável da equipe do Ministério da Saúde.

Pelo menos 27 militares da ativa ou da reserva ingressaram recentemente no Ministério da Saúde, substituindo autoridades de saúde pública experientes, segundo uma contagem da Reuters. Além disso, eles estão em quase metade dos 23 ministérios do governo Bolsonaro.

Fontes explicaram à Reuters que a familiaridade dos militares com a droga ajudou a apagar qualquer apreensão n governo com o risco de efeitos colaterais.

“A maioria deles serviu na Amazônia. Todos eles usaram cloroquina por muito tempo”, disse o deputado Osmar Terra, ex-ministro da Cidadania e que serve até hoje como conselheiro informal do presidente em questões sobre a epidemia.

O Ministério da Defesa não respondeu a um pedido de comentário.

O Ministério da Saúde afirma ter distribuído 4,4 milhões de comprimidos de cloroquina para os Estados. Não está claro quão amplamente eles estão sendo administrados, já que os médicos do país são livres para prescrever os medicamentos como acharem melhor. O medicamento também é vendido sem grandes restrições em farmácias e, depois de ter sumido das prateleiras inicialmente, voltou a ser encontrado.

Thaysa Drummond, infectologista que trata pacientes com Covid-19 no Hospital Eduardo de Menezes, em Belo Horizonte, afirmou que muitos dos pacientes vindos de clínicas com cuidados primários ou de outros hospitais já tinham recebido receita dos medicamentos anteriormente, e que seus colegas em outras instituições disseram que estavam dando as drogas a pacientes.

“Na prática, muitos médicos estão prescrevendo”, disse a infectologista. O hospital em que ela trabalha não está fazendo isso, “porque não há evidências científicas robustas e de qualidade que apoiam o uso desses medicamentos”, disse.

Os possíveis efeitos colaterais da hidroxicloroquina e da cloroquina incluem perda de visão e problemas na frequência cardíaca.

NOVAS VOZES

No Ministério da Saúde, inicialmente a cautela foi a tônica. Fontes disseram à Reuters que havia resistência em adotar o medicamento mesmo para casos de pacientes graves.

Secretário de Ciência e Tecnologia do ministério na época de Mandetta, Denizar Vianna era totalmente contrário ao uso, mas, sob pressão, aceitou adotar para casos graves, contou uma fonte, como uma medida de “último caso, quando nada mais dava certo”.

Sem conseguir mudar a posição de seus técnicos, Bolsonaro se voltou para profissionais médicos externos que compartilhavam seu entusiasmo.

Entre essas pessoas estavam a oncologista Nise Yamaguchi. Praticamente desconhecida nos setores de epidemiologia e saúde pública, Yamaguchi disse que se interessou cedo pela hidroxicloroquina devido ao trabalho de Raoult e aos estudos chineses. Ela apareceu no rádio e na televisão divulgando a potencial promessa desses tratamentos. Bolsonaro tomou conhecimento e, em 3 de abril, enviou um avião da Força Aérea Brasileira para levá-la a Brasília para uma conversa, contou Yamaguchi à Reuters. O gabinete do presidente se recusou a comentar o relato da médica.

Na reunião, Yamaguchi disse que Bolsonaro mostrou as reportagens na imprensa com ela sobre o estudo da hidroxicloroquina de Raoult. Ele queria saber “por que não poderia ser usado mais amplamente” no Brasil, segundo ela.

Yamaguchi contou que disse ao presidente que estava preocupada com a falta de suprimento, em parte porque a Índia, um dos maiores fornecedores mundiais de medicamentos genéricos, tinha imposto em março uma proibição de exportação da hidroxicloroquina para atender sua própria demanda doméstica.

No dia seguinte, Bolsonaro anunciou publicamente que havia pedido ao primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, para afrouxar as restrições. Dois dias depois, em meio à crescente pressão internacional, a Índia suspendeu a proibição de exportação. O gabinete de Modi não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Bolsonaro encarregou Yamaguchi de elaborar diretrizes para uso do medicamento, à revelia do então ministro Mandetta e de seus técnicos, disseram três fontes que pertenceram ao Ministério da Saúde.

Em 16 de abril, Bolsonaro demitiu Mandetta. Os dois vinham discutindo publicamente há semanas por causa da aversão de Bolsonaro a medidas de confinamento e do apoio à hidroxicloroquina.

Nesse mesmo dia, o Conselho Federal de Medicina (CFM) concordou com as diretrizes sobre como e quando os médicos deveriam prescrever os medicamentos.

Em 17 de abril, Bolsonaro substituiu Mandetta por Nelson Teich, oncologista sem experiência em saúde pública. Em meados de maio, Bolsonaro pressionou o novo ministro publicamente a entregar um novo protocolo para permitir que os médicos prescrevessem hidroxicloroquina e cloroquina para pacientes em estágio inicial da Covid-19.

Sem mais evidências de que o medicamento fosse eficaz e seguro para esse uso, Teich relutou em fazê-lo, segundo quatro pessoas familiarizadas com a situação. Então, sua equipe elaborou um plano para conquistar o presidente: um estudo brasileiro sobre a hidroxicloroquina que forneceria resultados parciais em poucas semanas.

Eles contataram Álvaro Avezum, um cardiologista de São Paulo que fazia parte de uma equipe conduzindo robustos ensaios clínicos sobre possíveis tratamentos para Covid-19, disseram as fontes. Um dos estudos investigava se pacientes com sintomas menos graves poderiam usar a hidroxicloroquina para potencialmente evitar a hospitalização.

Sob a condição de apoio do Ministério da Saúde, Avezum concordou em acelerar o estudo, afirmaram duas fontes. Avezum se recusou a comentar as negociações, mas disse que o objetivo era ser o mais eficiente possível.

Em público, Bolsonaro aumentava a pressão sobre seu ministro da Saúde.

“Todos os ministros são indicações políticas minhas e quando eu converso com os ministros eu quero eficácia na ponta. Nesse caso, não é gostar ou não do ministro Teich, é o que está acontecendo”, disse Bolsonaro em 13 de maio. “Estamos tendo centenas de mortes por dia. Se existe uma possibilidade de diminuir esse número com a cloroquina, por que não usá-la?”

No dia seguinte, Teich se encontrou com Bolsonaro para discutir o ensaio clínico. Pronto para apresentar a ideia de acelerar o estudo, Teich foi calado pelo presidente. Bolsonaro disse a Teich que queria a hidroxicloroquina, e queria na hora.

“Sou eu quem tomo as decisões”, afirmou o presidente, segundo duas fontes com conhecimento dessa reunião.

Teich pediu demissão no dia seguinte.

TEMPOS VIRULENTOS

A hidroxicloroquina e a cloroquina são, neste momento, foco de conflito na política brasileira. As opiniões das pessoas sobre os medicamentos tornaram-se uma espécie de referendo sobre o presidente.

Um dos primeiros a colocar na rua um estudo sobre cloroquina, o médico brasileiro Marcus Lacerda ficou no meio da turbulência. No final de março, Lacerda, um dos maiores especialistas em doenças infecciosas e parasitárias do país, iniciou um estudo randomizado na cidade de Manaus para investigar a segurança de duas doses diferentes de cloroquina —uma alta e outra baixa— em pacientes hospitalizados com Covid-19 grave. O estudo não se referia à resposta do medicamento, mas qual dose era segura para uso.

Quando o monitoramento notou um aumento da taxa de letalidade no grupo de alta dosagem, recomendou que parte do estudo fosse arquivado. No momento em que os resultados foram publicados, 16 pessoas no grupo de alta dosagem tinham morrido, em comparação com seis no grupo de baixa dosagem.

Os resultados foram rapidamente rejeitados pelos apoiadores do medicamento. Em 17 de abril, um dos filhos de Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), tuitou que o estudo havia sido projetado para “desqualificar a cloroquina” e acusou os pesquisadores de serem partidários da esquerda. “Este absurdo deve ser investigado imediatamente”, escreveu.

Foi a senha para Lacerda virar alvo nas redes sociais.

Lacerda contou à Reuters que sua vida virou um inferno. Apoiadores do presidente, irritados com o resultado de um estudo que parecia mostrar o medicamento favorito de Bolsonaro como letal, inundaram suas redes sociais com mensagens chamando-o de “assassino”, “monstro” e “pseudocientista”.

“Sua vez chegará”, disse um dos haters.

O pesquisador ficou sob escolta armada por semanas e até hoje eventualmente recebe ameaças. Aos poucos a vida voltou ao normal, mas ele permanece abalado pelo ódio online. “Isso tem um efeito incalculável na vida das pessoas”, disse ele à Reuters.

RECUPERAÇÃO

A idade de Bolsonaro e o fato de ele quase ter morrido em uma facada em 2018 o colocam em risco com a Covid-19. Ainda assim, considerando que a atual taxa de mortalidade no país é inferior a 5%, e Bolsonaro, como presidente, terá acesso a cuidados médicos de alta qualidade, ele tem uma boa chance de se recuperar sem problemas. Até agora, o próprio presidente diz ter sentido apenas sintomas leves.

Desde já, Bolsonaro já credita o seu bem estar à hidroxicloroquina.

Wildo Araújo, ex-funcionário do Ministério da Saúde que foi coautor de um dos primeiros grandes estudos de Covid-19 no Brasil, disse que essa alegação vai ajudar a politizar ainda mais a droga. Também seria infundada, acrescentou ele, já que a eficácia dos medicamentos só pode ser comprovada com grandes ensaios clínicos randomizados, controlados com placebo.

“A declaração de um indivíduo não prova nada”, disse ele. “(Bolsonaro) usará essa narrativa. Mas, do ponto de vista científico, ela não tem nenhum valor”.(Lisandra Paraguassu e Gabriel Stargardter/Com agência Reuters)

Reportagem adicional de Michael Erman, em Nova York; Manoj Kumar, em Nova Délhi, Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro; Ricardo Brito, em Brasília; e Alexandra Alper, em Washington