O desastre no Edifício Joelma, em 1974, levou a uma mudança completa nos padrões de segurança predial e prevenção de incêndios. Uma semana depois da tragédia, um decreto da Prefeitura de São Paulo fixou normas sobre o tema. E, naquele mesmo ano, foram retomados os debates para revisar o Código de Obras de São Paulo, de 1934, que nunca havia passado por uma revisão, que atualizasse a lei para a nova estrutura urbana.
"Enquanto eu fazia o resgate no Joelma, estava revoltado, porque dois anos antes, após o incêndio do Andraus, os gestores públicos prometeram atualizar o Código, mas não fizeram absolutamente nada", conta o coronel Nilton D'Addio, do Núcleo de Pesquisa da Memória do Corpo de Bombeiros.
"Hoje um incêndio como aqueles não ocorreria. Os prédios têm portas corta-fogo, alarmes de incêndio, corrimão, luzes de emergência, portas antipânico, extintores, hidrantes, rotas de fuga e planos de evacuação. A catástrofe do Joelma serviu, ao menos, para que essas coisas fossem revistas", afirma o coronel. Atualmente, além de regras locais, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e o Código de Defesa do Consumidor preveem normas de prevenção a incêndios.
De acordo com D'Addio, o fogo no edifício Andraus foi muito mais violento, mas as condições de sobrevivência eram muito melhores que no Joelma. A maior parte dos sobreviventes do Andraus foi resgatada pelo heliponto, que não existia no Joelma.
"O Andraus tinha uma escadaria voltada para o fundo do prédio e isolada em todos os andares com uma porta comum. Além disso, o vento soprava favoravelmente, levando as chamas para o lado contrário da escada. Se não fossem essas condições, aquilo seria uma carnificina", explica D'Addio.
Já no Joelma, não havia nenhuma escada externa. Para piorar, as escadarias internas funcionaram como uma chaminé. "As pessoas se lembravam do Andraus e subiam ao terraço para serem resgatadas, mas lá não havia onde permanecer."