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AVC hemorrágico: caso é grave e possibilidade de sequela é muito alta, afirmam neurocirurgiões

Ex-primeira-dama Marisa Letícia sofreu ruptura de aneurisma na terça-feira

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O acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico sofrido pela ex-primeira-dama Marisa Letícia da Silva, mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na terça-feira (24), tem um alto grau de possibilidade de sequelas, segundo especialistas. Marisa Letícia está em tratamento intensivo no Hospital Sírio-Libanês.

O neurocirurgião e diretor da emergência do Hospital Universitário Antonio Pedro, Aníbal Dragão, confirmou que a possibilidade de sequela em um caso como esse “é muito alta”. Marisa sofreu uma hemorragia cerebral por causa da ruptura de um aneurisma.

“O caso é grave pois é um AVC hemorrágico. Mas temos que saber a extensão do AVC e a área acometida. Dependendo da área atingida pela hemorragia a sequela pode ser diferente.” Segundo Aníbal, após um acidente vascular um paciente pode ter perda de capacidades motoras, problemas de fala e de memória.

“Depende da área afetada pela hemorragia. Se for em certa região do lado esquerdo do cérebro, por exemplo, a fala pode ser mais afetada", complementou.

Segundo o neuroradiologista do Richet Medicina & Diagnóstico, Márcio Vieira Peixoto Almeida, crises nervosas podem contribuir para uma maior possibilidade de casos como este, principalmente se a pessoa afetada sofrer de pressão alta. “Uma crise hipertensiva é um motivo possível, pois não sei se ela tinha pressão controlada ou não. Isso pode contribuir para um acidente vascular encefálico hemorrágico”, afirmou.

O neurocirurgião e secretário geral da Academia Brasileira de Neurocirurgia Edson Mendes Nunes concorda com a opinião do neuroradiologista. "Hipertensão arterial não tratada, fumo, sedentarismo. Um caso como esse pode ser agravado por uma crise nervosa, calor ou crise emocional."

Ele reafirmou a gravidade do caso. "Nem toda ruptura de aneurisma cerebral causa tantos danos, mas no caso dela a abertura do quadro neurológico foi grave, ela está no CTI, tem uma monitorização da pressão intracraniana. Isso nos faz pensar em um caso mais grave."

No momento, o doutor preferiu não focar na possibilidade de que a ex-primeira-dama tenha alguma sequela. "A primeira etapa é salvar a vida dela. Sobre a sequela, depende da localização e da extensão das áreas cerebrais acometidas. Um AVC pode acarretar problemas motores, como a paralisação ou enfraquecimento de um lado do corpo, problemas de fala, de vista. Agora, ela também pode sair sem sequela. Depende também da localização do sangramento, da gravidade, do tempo de atendimento."

Doutor Almeida também acha muito precoce definir se Marisa poderia ficar com sequelas. “Ela pode sair sem sequelas ou o tratamento pode não ter resultado.” Mesmo assim, ele alerta para a gravidade de um caso de AVC hemorrágico. “No caso da hemorragia, além de ser potencialmente mais grave, pode causar também isquemias, o que pode inclusive causar necrose dessas áreas.”

De acordo com ele, após um caso de AVC, a fisioterapia é o melhor caminho para recuperação do paciente. Porém, o doutor aconselha que o melhor caminho é a prevenção. “O ideal é a prevenção. Mesmo com o acompanhamento médico isso pode ocorrer, mas a probabilidade diminui muito.” No entanto, sobre o caso de Marisa, ele complementa: “A situação dela é extremamente grave.”

Ao chegar no hospital, Marisa foi imediatamente submetida a um atendimento de emergência, e logo depois passou por uma cirurgia de embolização endovascular, além do fechamento, ou oclusão, do aneurisma. De acordo com o boletim médico do Sírio-Libanês, depois desse processo a paciente deve seguir em tratamento intensivo por tempo indeterminado.

Nas últimas horas, ela foi submetida a nova avaliação tomográfica de crânio para controle de sangramento cerebral. Após avaliação das equipes médicas, foi realizada a passagem de um cateter ventricular para monitoração da pressão intracraniana.

Ainda segundo o hospital, as equipes médicas que a acompanham são coordenadas pelo Prof. Dr. Roberto Kalil Filho, Prof. Dr. Milberto Scaff, Prof. Dr. Marcos Stávale e Prof. Dr. José Guilherme Caldas.

* do projeto de estágio do JB