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Rede Sustentabilidade rebate críticas de dissidentes a Marina Silva

"Velha polarização" dificuldade compreensão de postura do partido, diz nota

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A Rede Sustentabilidade rebateu, nesta quarta-feira (5), as críticas do antropólogo Luiz Eduardo Soares e mais seis pessoas que deixaram o partido no dia seguinte às eleições municipais. O grupo dissidente, que participou há pouco mais de um ano da fundação da Rede, afirmou que o partido "navega em meio a uma sucessão de ambiguidades" e que é, portanto, "uma legião de pessoas de boa vontade e nenhum rumo".

Em resposta, a Comissão Executiva Nacional da Rede negou que a defesa do impeachment de Dilma Rousseff tenha sido decisão exclusiva de Marina Silva, principal expoente do partido, e que a "cultura reducionista da velha polarização" causa em alguns dificuldade de entendimento com o fato de a Rede "não se alinhar automaticamente a um dos lados da polarização que o sistema político tenta impor à sociedade".

"No fundo, é cobrado que a REDE repita dogmas estabelecidos, quando autonomia é entendida como 'ambiguidade e indefinição'. Segundo o desejo dos ex-militantes, à REDE não cabe outra trajetória a não ser apoiar os candidatos que eles consideram, por definição, progressistas, ou integrar uma suposta 'ampla frente democrática e progressista', um nome pomposo para dizer que a REDE tem que se atrelar a um dos lados da polarização e abrir mão de uma avaliação crítica e uma reflexão livre sobre o que significa ser 'progressista'", afirma um trecho da nota do partido.

Veja na íntegra a nota da Rede Sustentabilidade:

Respeitamos plenamente o direito deste grupo de ter uma leitura própria da realidade e reconhecemos suas valiosas qualidades, mas nos sentimos na obrigação de contraditar as alegações que apresentam como motivo de sua saída da REDE.

1- Diante da cultura reducionista da velha polarização, entendemos as dificuldades de alguns com o fato de a REDE não se alinhar automaticamente a um dos lados da polarização que o sistema político tenta impor à sociedade. Assim, a posição favorável ao impeachment, por conta da compreensão de que houve a prática de crime de responsabilidade, é transformada equivocadamente em “mergulho da REDE em direção ao passado” ou aliança ao “movimento que entregou o poder ao PMDB”. Esquecem, porém, que quem escolheu o PMDB para ocupar a linha sucessória da presidência do Brasil foi a aliança feita pela própria ex-presidente Dilma e seu partido. No entanto, não é concedido o direito à REDE de se posicionar autonomamente e construir seu próprio caminho com base em suas próprias razões. O partido é sempre apresentado, ou mesmo acusado, de seguir um dos lados da polarização.

2 – Os signatários, agora ex-filiados, desconsideram o pouco tempo de existência da REDE, o grande desafio que enfrentamos para nos estruturarmos minimamente e para participar do processo eleitoral e os inúmeros posicionamentos manifestados pela direção partidária, a exemplo das seguintes notas: contra a redução da maioridade penal (1), sobre a Educação Pública (2), contra manobras para votar Código da Mineração (3), de apoio a professores e servidores no Paraná e defesa do direito de manifestação (4), contra a PEC 215 (5), em defesa da história e dos direitos indígenas (6), em defesa da Democracia (7), pelo direito à manifestação e greve (8),sobre o Marco Civil da Internet (9), sobre a violência policial (10), sobre a liberdade de expressão na internet (11), sobre definições amplas de família (12), sem citar os documentos de análise de conjuntura que tratam das principais questões políticas e econômicas do País, apresentados e discutidos em cada reunião do Elo Nacional, e dos inúmeros documentos discutidos e aprovados em nosso 1º Congresso Nacional.

3- Estamos cientes da necessidade de avançar na criação de fóruns de discussão sobre os temas mais relevantes à vida partidária e ao País, processo apenas iniciado com o “Assembléia REDE”, uma plataforma de debates on line aberta a todos os filiados, de forma horizontal, e o FAZ, para incentivar a participação voluntária de filiados e não filiados em ações de ativismo e cidadania. Nossos posicionamentos e reflexões precisam e merecem ser aprofundados – e o serão com o apoio dos militantes que a isso se dispuserem e da Fundação Brasil Sustentável. Esperávamos contar com uma postura mais proativa deste grupo de intelectuais, mas prosseguiremos nesta construção coletiva.

4- O grupo que agora se afasta comete injustiça ao atribuir a decisão de posição sobre o impeachment exclusivamente à vontade da Marina. O Elo Nacional reuniu mais de 50 pessoas durante dois dias, quando todos tiveram ampla liberdade de expor suas convicções antes que uma decisão coletiva fosse tomada. Ao final, ficou clara a posição majoritária favorável ao impeachment. Um reduzido número de dirigentes se colocava contrário a ele e havia uma parcela importante que defendia a abstenção nas votações por considerar que ambos, Presidente e Vice, compartilhavam da mesma responsabilidade. Não há nada mais autoritário que a desqualificação das decisões democráticas quando estas não são convenientes à uma minoria.

5- Mais ainda, o grupo desrespeita seus companheiros que se empenharam durante aquele fim-de-semana em um debate sério e responsável. Desqualificam, também, lideranças como Heloísa Helena, Alessandro Molon, Randolfe Rodrigues e muitas outras que estiveram presentes na discussão. Pela dimensão política de cada um é impensável achar que se submeteriam a tal situação. O Elo Nacional também decidiu que as posições discordantes podiam ser manifestadas publicamente – o que foi respeitado com absoluto rigor.

6- O mesmo respeito prevaleceu durante as eleições, em relação à linha política que o grupo que deixa a REDE considerava mais correta para o Estado do Rio de Janeiro, onde aplicou plenamente suas estratégias eleitorais na disputa das eleições municipais. Cada um deve assumir a suas respectivas responsabilidades e os consequentes resultados, para que esse debate sobre identidade e posicionamentos da REDE não pareça ter sido provocado apenas como elemento diversionista.

7-  No fundo, é cobrado que a REDE repita dogmas estabelecidos, quando autonomia é entendida como “ambiguidade e indefinição”. Segundo o desejo dos ex-militantes, à REDE não cabe outra trajetória a não ser apoiar os candidatos que eles consideram, por definição, progressistas, ou integrar uma suposta “ampla frente democrática e progressista”, um nome pomposo para dizer que a REDE tem que se atrelar a um dos lados da polarização e abrir mão de uma avaliação crítica e uma reflexão livre sobre o que significa ser “progressista”.

8- Respeitamos a decisão desses parceiros de jornada de deixar a REDE, bem como agradecemos suas importantes contribuições durante esse início de caminhada. Esperamos manter com eles um diálogo construtivo para aprofundar o entendimento sobre nossas diferenças e convergências.

Comissão Executiva Nacional – REDE Sustentabilidade

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