Admirador confesso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, afirmou nesta quinta-feira (4) acreditar que a história será "gentil" com o petista, que é réu por obstrução de justiça e foi denunciado por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.
A declaração foi dada durante uma breve passagem por São Paulo, que faz parte de sua primeira viagem oficial ao Brasil. "O presidente Lula fez um grande trabalho, e acho que a história será muito gentil com ele", disse Renzi.
Logo no início de seu governo, em março de 2014, o premier havia dito que o ex-presidente do Brasil era uma "referência" para ele por ter "tirado 30 milhões de pessoas da pobreza". Além disso, em 2015, recebeu Lula em sua residência oficial, o Palácio Chigi, em Roma.
Quando encerrou seu segundo mandato, o petista passou a ser alvo de duras críticas na Itália por ter vetado a extradição do ex-ativista Cesare Battisti, mas o caso parece não ter influenciado a opinião de Renzi. Embora alguns senadores e deputados italianos já o tenham feito, ele nunca se manifestou publicamente sobre a crise política no gigante sul-americano e nem sobre o governo interino de Michel Temer.
Apesar dos elogios a Lula, o primeiro-ministro se absteve de comentários sobre as turbulências que chacoalham Brasília, mas mostrou interesse em reforçar as relações entre os dois países, principalmente no âmbito econômico. Até o fim do ano, Renzi mandará ao Brasil o seu ministro do Desenvolvimento, Carlo Calenda, ao lado de dezenas de empreendedores italianos.
Além disso, também indicou que pode enviar a ministra para as Relações com o Parlamento da Itália, Maria Elena Boschi. Considerada o braço direito de Renzi, ela viria para promover a campanha pelo "sim" no referendo constitucional de outubro entre a comunidade italiana local - a votação é crucial para o futuro do primeiro-ministro.
"Nós podemos fazer mais [pelas relações entre os dois países]. Esse mercado, esse conjunto de valores humanos, culturais e econômicos, pode ser uma grandíssima oportunidade para a Itália, e a Itália pode ser a chave para o Brasil trabalhar bem na Europa", destacou Renzi, lembrando as arrastadas negociações para um acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia.
Em um discurso no Circolo Italiano, situado no icônico Edifício Itália, o chefe de governo também prometeu assinar até o fim do ano um decreto legislativo para ajudar escolas e cursos ligados à comunidade italiana no exterior, ao que foi calorosamente aplaudido pelas cerca de 500 pessoas presentes.